16.12.08

"É a RBS que governa o estado"


ENTREVISTA / CELSO TRES

Por Rafaela Mattevi e Cora Ribeiro em 16/12/2008 - Observatório da Imprensa

Publicado originalmente no jornal-laboratório Zero, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), edição de novembro 2008

Celso Tres, do Ministério Público Federal (MPF), procurador da República em Tubarão (SC), vai enfrentar o oligopólio da RBS. Em conjunto com outros procuradores no estado, ele ingressa, ainda neste ano, com uma Ação Civil Pública contra o maior grupo de comunicação social do Sul do país. "E eles ainda dizem isso com orgulho, sabendo que estão desrespeitando a lei", diz. Tres é membro do MPF desde 1997 e já trabalhou no RS, PR, DF e AP. Atuou em casos polêmicos, como na violação do painel eletrônico do Senado (2001) e na CPI dos Bingos (2005).

Na quarta-feira (10/12), o Ministério Público Federal de Santa Catarina entrou com uma Ação Civil Pública (processo nº. 2008.72.00.014043-5) contra o oligopólio da empresa Rede Brasil Sul (RBS) no Sul do Brasil. O MPF requer, entre outras providências, a diminuição do número de emissoras da empresa em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, de acordo com a lei; e a anulação da compra do jornal A Notícia, de Joinville, consumada em 2006 – que resultou no virtual monopólio da empresa em jornais de relevância no estado de Santa Catarina. O quadro geral da situação pode ser conferido a seguir, na entrevista realizada em novembro com Celso Tres, um dos procuradores que elaborou a medida judicial. [Atualizado em 17/12/2008 - 13h09min]

O Cade também é réu

Desde 2006, o MP fala em processar a RBS pela compra do jornal A Notícia. Isso vai acontecer?

Celso Tres – Sim, a ação está sendo instruída há dois anos, por meio de um Inquérito Civil Público (ICP), porque é bem complexa. Também participam vários procuradores no estado. A RBS tem uma posição totalmente dominante. No RS e em SC, são 18 emissoras de televisão, dezenas de estações de rádio, uma dezena de jornais. E a culminância disso foi quando a RBS comprou o jornal A Notícia, o que a tornou dona de todos os jornais de expressão dos dois estados.

Então, o que nós vamos discutir é essa questão do oligopólio à luz inclusive da lei que regula a ordem econômica, não é nem a lei da mídia propriamente dita. É tão grotesco isso, que nem essa lei que regula a atividade de economia em geral permite o oligopólio – obviamente, é muito menos lesivo numa sociedade você ter um oligopólio de chocolate, pasta de dente, do que ter oligopólio da mídia. Falo oligopólio, porque monopólio seria a exclusividade absoluta; mas a RBS tem posição quase totalitária.

A tendência da economia é a concentração e, por isso, certas compras de empresas têm que ser analisadas. Esse caso da RBS é um escândalo, ela governa o estado. Como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra do AN? O Cade é réu na ação porque aprovou isso.

Violação a direito difuso

O que vai ser requerido, especificamente, na ação?

C.T. – Em linhas gerais, o que o MP demanda é: primeiro, que a compra do AN seja desfeita – eles vão ter que devolver o jornal para o antigo dono ou vender para terceiros; segundo, que seja cumprida a lei que diz que eles só podem ter no máximo duas emissoras no estado, ou seja, que acabe essa farsa que é de ser tudo da mesma família; e terceiro, o que eu acho mais importante, a implementação da programação local. A Constituição Federal determinou que é obrigatória a programação local. Só que em 20 anos nunca se adequou a lei. Então, o MP está querendo que a Justiça arbitre um percentual – 30% de programação local no âmbito do estado e 15% em cada região, no mínimo.

São inúmeros réus: todas as pessoas físicas da RBS, cada "emissora", o Cade; a União, por causa do Ministério das Comunicações (MC). E o MP pede para que a Justiça estabeleça uma multa por violação a um direito difuso, em razão da omissão do poder público. A gente vai entrar com a ação nos próximos meses e a sentença em primeiro grau deve sair em um ano.

Evitar concentração

O que foi feito no Inquérito?

C.T. – O ICP não é um processo judicial, não tem contraditório, ou seja, quem é investigado não tem direito de resposta. Mesmo assim, o MP abriu pra RBS se manifestar e, inclusive, eles vieram com o mesmo discurso do Ministério da Comunicação. Eles [a RBS e o MC] se comunicaram, é uma piada. A mesma pessoa que redigiu a resposta do Ministério redigiu a da RBS, é uma coisa vergonhosa. O mesmo discurso: "Não, porque a lei diz que é a mesma pessoa física só que no caso não é." É chamar o legislador de imbecil.

Quando a lei diz que tu não podes ser titular de mais de dois veículos, qual é o objetivo dela? É evitar concentração. Se é da mesma família, se tem a mesma programação, está concentrado, é evidente. É uma fraude clara ao objetivo da lei. Não teria sentido proibir que alguém seja proprietário de mais de dois meios de comunicação e permitir que esse meio de comunicação transmita a mesma programação, tenha a mesma linha editorial etc. É a mesma coisa que nada.

Pessoa física, e não pessoa jurídica

Então o problema do oligopólio é a fiscalização?

C.T. – A nossa legislação é desacatada porque o uso da radiodifusão sempre foi um benefício político. Essa relação do poder público está tão viciada que o MC não faz absolutamente nada para reprimir esses ilícitos e o caso da RBS é muito claro.

Na última eleição [para governador], isso ficou bastante evidente. A tríplice aliança de Luiz Henrique foi com a RBS; foi uma vergonha porque no primeiro turno a RBS anunciava que não ia ter segundo turno. Daí, deu segundo turno e eles anunciaram até um dia antes da eleição dizendo que a diferença era astronômica e, no final, deu 5% de diferença entre o Amin e o Luiz Henrique. Então não há dúvida de que a RBS elegeu o Luiz Henrique. Independentemente da pressão política, isso é irrelevante para o MP. Mas qualquer inocente sabe que a massificação de alguém que está na frente arrasa, induz o povo a votar.

Em cada estado, um titular só pode ter no máximo duas emissoras – emissoras, não retransmissoras. Este é outro vício: as emissoras têm outorgas de emissão, ou seja, elas deveriam produzir programação, mas não produzem ou fazem uma programação local ínfima, como é o caso da RBS. Existem várias "emissoras", em Florianópolis, Criciúma, Lages, Xanxerê, Blumenau, Joinville. Mas, na verdade, elas só produzem um noticiário local.

Hoje, na verdade, em SC, ou você trabalha na RBS ou você está fora. Você vai estar trabalhando ou em órgãos bem pequenos, espaço de trabalho inclusive bastante reduzido, caso do que eles fizeram com o AN. As matérias são as mesmas, teve um momento assim que chegaram ao ridículo de colocar a mesma manchete, a mesma matéria.

A radiodifusão – emissora de rádio e TV – deve estar em nome de pessoa física, não de pessoa jurídica, e cada pessoa só pode ter duas por estado. Daí, o que eles fazem é colocar em nome de pessoas da família. E isso tudo está demonstrado claramente na ação. Inclusive a questão da retransmissão.

Dizimar a concorrência

E isso não é contrato simulado, colocar tudo no nome da família inteira?

C.T. – Essa questão da titularidade é uma questão criminal, porque é uma falsidade ideológica. Isso a gente vai verificar mais tarde. O objetivo, agora, é mudar a realidade. O MC diz que não controla isso porque a RBS está em nome de terceiros. É óbvio que é irrelevante que a concessão esteja no nome de A ou B, até porque – como é o caso de Blumenau, que não está no nome da família Sirotsky – retransmitem a mesma programação, essa é a grande questão, o conteúdo.

A lei diz que ter 20% do mercado é ter posição dominante e obviamente a RBS tem isso. E essa questão tem vários aspectos: direito à informação e direito à expressão, e também a questão da publicidade. Por exemplo, o Diarinho de Itajaí, o que a RBS faz com os caras? Na Rede Angeloni, faz contratos publicitários, impedindo que o supermercado coloque lá o Diarinho para os caras venderem. Então não existe concorrência, acabou. A concorrência é dizimada. Na Grande Florianópolis, eles lançaram o jornal A Hora a R$ 0,25, o que é claramente um preço inferior ao de custo, pra dizimar com a concorrência. Essas são as práticas deles.

Executivo subalterno

Existe solução?

C.T. – A questão é permitir a multiplicidade. A rede pública de televisão, com a criação da TV Brasil, poderia ter sido uma saída, mas o governo fez tudo errado. O correto seria que o Estado disponibilizasse canais, não adianta tentar produzir programação.

Seria fácil: criar 30 canais de TV para serem disponibilizados à população. Depois seria só colocar retransmissoras públicas nos centros urbanos, para os canais transmitirem programação independente. Uma medida simples, percebe? Bastava criar os canais e construir as retransmissoras. É uma questão tecnológica e de vontade política.

Custaria muito mais barato do que o governo tentar produzir programação e todos teriam oportunidade de fazer sua produção. O governo faria as retransmissoras, pura e simplesmente. Seria uma revolução na comunicação. A mídia, em pouco tempo, mudaria porque, com uma multiplicidade de canais, o canal com maior audiência chegaria a 15%, 10%, como é nos EUA, que é o correto.

Certamente se o governo viesse "Ah, vamos fazer aplicar a lei das duas emissoras", eles iam dizer, "Não! É uma lei da ditadura! O Lula é o Chávez." É uma besteira. O que diz a lei? Cada cidadão tem que ter um número x de canais, essa é a meta. Podia botar no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) isso aí. É uma questão econômica, direitos individuais, gera muito emprego, oportunidades, veiculação comercial; atingiria em cheio a própria economia.

O principal modo de democratizar não seria combater o monopólio e o oligopólio?

C.T. – O primeiro passo seria esse, mas, como eu falei, os órgãos do executivo são muito subalternos e também a RBS pode virar o governo. Qual a finalidade de um deputado federal que vai lá propor uma legislação mais rígida para isso? Se é um deputado de SC, a RBS vai fazer algumas reportagens contra o cara e ele está acabado. O cara não se reelege mais.

Você já foi ameaçado?

C.T. – Não, por isso não.

9.12.08

Sobre paranóias

A chamada abaixo ficou quase uma hora no ar, no sítio da Zero Hora, remetendo para a matéria que trata da liberação de verbas do governo federal para a construção do Hospital Regional de Santa Maria:

Pelo convênio assinado entre os governos estadual e federal, o Ministério da Saúde vai investir R$ 19,18 milhões na construção do hospital. Serão 277 leitos, 60 deles exclusivos para uma unidade de reabilitação física semelhante às da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação. A contrapartida do estado será de R$ 3,83 milhões.

A chamada privilegiava o nome da governadora, em detrimento do representante do governo federal. No título da matéria, o mesmo problema:
Só depois de quase uma hora ZH passou a estampar a seguinte chamada - que, durante um bom tempo, não remetia à matéria alguma -, dessa feita fazendo menção indireta ao ministro da saúde, José Gomes Temporão:

Problemas técnicos ou paranóia?
Fonte: La vieja bruja
_______________
Nem um, nem outro: trata-se de mistificação, manipulação de dados para favorecer a Governadora Yeda Crusius, criação de subjetividade favorável a ela, jornalismo chapa-branca.

5.12.08

Sobre suspeitos e criminosos

A justiça concedeu liberdade provisória a Rodrigo Godoy Bandaz, 27 anos, Eduardo Adriano Villodre, 28, e Bruno Ortiz Porto, 23, presos preventivamente semana passada em uma operação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). O juiz Felipe Keunecke de Oliveira não viu provas suficientes da suposta participação desses torcedores na tentativa de homicídio de Lucas Ballardin, 19, e Marçal Santos, 30, no último dia 16.

Responderão em liberdade, portanto, às prováveis acusações de formação de quadrilha, dupla tentativa de homicídio por motivo torpe e preconceito racial.

Na cobertura da saída de Bruno, Rodrigo e Eduardo do Presídio Central, Zero Hora a eles se referiu através dos termos "torcedores" e "suspeitos".


ZH os tratou, portanto, como cidadãos. Nomeá-los e a eles se referir através de termos que designam adeqüadamente uma suposta conduta é resguardar a cidadania, um dos conceitos mais caros à nossa Carta Máxima. "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória", nos diz a Constituição Federal (Art. 5º, LVII).

Tal tratamento, no entanto, não é comum nas páginas de ZH.
Ao "homem de 25 anos" ontem capturado por populares, por exemplo, ZH se refere através dos termos "assaltante" e "criminoso".




"Mas ele foi contido logo após o assalto", dirão.

Sim, é certo que foi.

Mas, questiona La Vieja, ele foi condenado? Há sentença penal condenatória transitada em julgado?

Não, não há. Sequer há um inquérito, ainda. E, mais ainda, nenhuma autoridade afirmou publicamente que ele será indiciado pela prática do crime que lhe foi atribuído.

Mas, se nenhuma autoridade fez essa afirmação, por que ZH a ele se referiu através dos termos "assaltante" e "criminoso", enquanto se referiu a Bruno, Eduardo e Rodrigo, - que provavelmente serão indiciados por formação de quadrilha, dupla tentativa de homicídio por motivo torpe e preconceito racial - , através dos termos "torcedores" e "suspeitos"? Se não há sentença penal condenatória transitada em julgado em nenhum dos casos, todos não deveriam ser tratados como "suspeitos"?

ZH sequer se deu ao trabalho de descobrir o nome do "homem de 25 anos" contido por populares.

Por qual motivo, então, se preocuparia com sua cidadania?

A foto publicada por ZH, embora não revele seu rosto, o expõe de uma maneira brutal, para o enlevo de seu leitor-médio. Para esse leitor, também o sistema penal deve ser eminentemente punitivo.

Todavia, a vingança gratuita é uma falsa catarse. Não há purificação alguma. Ficam mais interrogações do que respostas.

Como também fica sem resposta o porquê de não haver nenhuma foto dos suspeitos Bruno, Eduardo e Rodrigo nas páginas de ZH, em nenhuma matéria que tratou do incidente no qual os três supostamente estão envolvidos.

Embora ZH tenha acompanhado tanto a operação que resultou na prisão dos três suspeitos quanto o momento em que deixaram o presídio.

Pelo visto, alguns suspeitos são mais iguais do que outros.
Fonte: La Vieja Bruja

15.11.08

Blogueiro é processado por empregado da RBS


Solidariedade a WU

O jornalista, professor e blogueiro combativo Wladimir Ungaretti está sendo processado judicialmente por um empregado celetista da RBS, conhecido como Fotonaldo. Uma vez me foi dito o nome de batismo desse manipulador de máquina fotográfica, mas esqueci no ato. Saber isso tem tanta importância quanto a sofrível qualidade jornalística ou artística das imagens do sujeito (ou seria objeto?).

Da mesma forma como Fotonaldo registra imagens mecanicamente da realidade, assim ele procedeu ao acionar judicialmente WU. Ele copia de forma mecânica e replicante a fórmula aprendida dos seus patrões – busca no judiciário o que não consegue na sua vida subalterna e deserta.

Afinal, o que quer Fotonaldo? Quer que WU reconheça o que lhe falta? Quer que o judiciário obrigue a WU que este lhe aponte as qualidades profissionais? Quer tomar à força, por via da coerção judicial, o que a vida social lhe negou – reputação, estima pública, admiração pessoal?

Impossível. O que o indivíduo não soube cultivar durante uma vida, não é uma ação judicial que lhe irá prover.

Por isso, fica aqui o registro de solidariedade fraterna a Wladimir Ungaretti, do blog Ponto de Vista.
Fonte: Diário Gauche

20.10.08

SERRA,YEDA,PSDB E PRBS, a turma

A mídia corporativa é um museu de tragédias. “O Drama com final trágico” é a manchete da edição de 18.10.2008 de Zerolândia, do PRBS (Partido Rede Brasil Sul de Comunicação). “Segurança Pública - A receita paulista contra a Violência” é a matéria das páginas de Polícia de Zerolândia, em 20 de janeiro de 2008, assinada por Etchim com fotos de Fotonaldo. Uma matéria enaltecendo a política de segurança pública do José Serra, do PSDB. Poderíamos produzir uma grande seqüência sobre o tema violência e a receita paulista, mas preferimos: ENTENDA MELHOR CLICANDO AQUI.

AQUI, A PORRADA TAMBÉM CORRE SOLTA
As fotos de são de Eduardo Seidl. Os movimentos sociais, no Rio Grande do Sul, são tratados como nos tempos da ditadura. Este é o final da Marcha dos Sem, da última quinta-feira.

ROSTOS DAS VÍTIMAS DA POLÍCIA
O fotógrafo parisiense, que se indentifica como JR, mudou a paisagem no morro da Providência, no Rio de Janeiro, estampando o rosto de vítimas da violência policial em painéis gigantescos nas fachadas das casas.

O sociólogo Francisco de Oliveira concedeu uma entrevista ao jornal “Folha de São Paulo”, publicada em página inteira na edição de 19.10.2008.
FOLHA - Apesar da sua provável derrota em São Paulo (acrescentamos, provável em Porto Alegre), o PT continua sendo o partido que mais cresceu no país. Em 2004 o sr. escreveu que isso mostrava o envelhecimento de um partido nascido para reformar o país. O sr. ainda mantém essa opinião: o PT foi engolhido pelo atraso ou o atraso que se modernizou?
OLIVEIRA - Eu acho que o PT, como força transformadora, foi engolido pelo atraso. Qual é a modernização que existe aí? É uma modernização de políticas sociais que são políticas de ajustamento, não são políticas sociais transformadoras - elas se ajustam à realidade. O Bolsa Família é uma política de ajustamento, uma política conformista. E isso reflete essa situação um tanto ambígua de uma classe que não é classe, desse enorme exército informal que representa mais de 50% da força de trabalho. Então, o PT foi engolido pelo atraso. A modernização das políticas sociais é uma regressão da classe para a pobreza, enquanto o movimento histórico vai da pobreza para a classe. A extensão das políticas sociais é uma regressão da classe para a pobreza; elas são políticas para os pobres.”

“Recodermos a etimologia, mais uma vez, que faz com que trabalho derive de tripalium, um instrumento de tortura, explicando com clareza o que seria preciso achar de toda a atividade laboriosa e assalariada, se estivéssemos submetidos, os punhos atados aos pés, as épistémés que, no dizer de Foucault, resultam do ódio do corpo e jubilam co todas as atividades que permitem a castração, a contenção, a rentenção, a suspeição no lugar, da carne, dos desejos e dos prazeres. A religião do trabalho fez do desempregado um mártir. O fervor que ela existe e os sacrifícios que espera transformam os solicitantes de um emprego em pecadores e em penitentes que podem obter o perdão e a salvação à medida que merecem e receberem uma redenção à custas das impassibilidade e da submissão às necessidades das leis, se não da fatalidade, pelo menos de um mercado que faz reinar seu terror por meio da penúria organizada do trabalho no lugar da partilha. Considera-se ainda que um outro modo de repartição diminuiria as penas coletivas dos que sofrem de um excesso de trabalho e dos que penam por não tê-lo.” (Página 79 do livro “A política do rebelde - tratado de resistência e insubmissão”, de Michel Onfray, editora Rocco).
Fonte: Blog Ponto de Vista

O PODER TEME O PODER DAS MÁSCARAS

Dispondo, desde o início, da informação de que a Brigada Militar iria baixar a porrada nos participantes da Marcha do Sem, o Fotonaldo (fotógrafo de Zerolândia) passou todo o tempo em cima do caminhão de som utilizado pelas lideranças. Assim, o carinha não só conseguiu “boas fotos” como também não correu nenhum risco de sair ferido com algumas das bombas lançadas pela polícia. Ou de tomar uma porrada na correria. É “estranho”(?) que as fotos mostrem a ação da Brigada, mas de nenhum manifestante levando porrada ou ferido. Fotos que possibilitem indentificar participantes da marcha deve ter um monte. “Nenhuma”(?) identificando políciais espancando ou lançando bombas. Nada é por obra do Divino Espírito Santo nesse showrnalismo, criminoso. O Fotonaldo não tem diploma. Começou como contínuo da redação. Não deve ter lido um único livro na vida. Mas é inaltecido nos cursinhos de “comunicologia” e já ganhou alguns prêmios ARI-Gó, da Associação Riograndense de Imprensa. Tem platéia garantida no Sindicato dos Jornalistas do RS.É estranho, também, o fato de que o cara passa todo o tempo grudado no telefone celular. Não há nenhuma razão (showrnalística) para estar em contato permanente com o seu editor ou com qualquer pessoa da redação. Nem tão pouco, num clima de tensão, estar de papo com a namorada. O Fotonaldo é um agente disfarçado de fotógrafo. Ele é tri ”malandro.”
Jornalistas não vinculados à mídia corporativa, cuja atividade foi realizada no chão, foram tratados com truculência. Enquanto a porrada comia solta, diaristas, pagos pelo PT, sacodiam suas bandeirolas no Largo Glênio Peres e na esquina democrática, no centro de Porto Alegre. É triste.
Ainda sobre o conflito. Segundo o coronel Mendes, comandante da Brigada, a “manifestação não foi ordeira nem pacífica. Os envolvidos simplesmente partiram para cima da Brigada, que não teve outra saída senão reagir (…) o motorista do caminhão de som possou por cima dos PMs (…)Também quebraram um escudo da Brigada e usaram pedras, paus e banderias pontiagudos e cobriram o rosto.”
O poder teme o poder das máscaras. Esta é uma idéia zapatista. Os movimentos sociais precisam perder toda a ilusão de que vivemos em plena democracia. Os manifestantes precisam retomar algumas das práticas dos tempos da ditadura. Não é por acaso que as polícias mais violentas do país, em todos os sentidos, são de Estados governados pelo PSDB. Serra e Yeda são a vanguarda da repressão. Aqui, amplamente, apoiados pelo PRBS.Na junção das duas imagens - governadora na pág.12 de Zerolândia - temos a idéia do bê-á-bá básico do governo Yeda, porrada.
Entenda que não há transformação, revolução, luta, caminho, saída. Você é que comanda a sua própria vida. Sua liberdade é inviolável e se complementa com a liberdade dos outros. Lute por uma política de sonhos. Espalhe muitos panfletos em lugares - públicos e privados - onde em algum momento você teve uma revelação ou viveu uma experiência sexual. Fique nu para simbolizar algo. Participe, intensamente, da preparação de uma greve protestando por eles não estarem satisfazendo sua necessidade de indolência, de ócio.
Não reivindique porra nenhuma. Só vandalize.

Só pra não perder a oportunidade: o Causowagner não dispõem de informações privilegiadas do MST.
Fonte: Blog Ponto de Vista

19.10.08

Carta a um radialista do PIG

Abaixo, publicamos a carta que o Secretário Geral do CPERS encaminhou ao programa de rádio "Sala de Redação". Espanta-nos que um sindicalista confesse que dá audiência a um programa transmitido pela empresa de mídia que foi a grande articuladora da chegada de Yeda Crusius ao poder no RS.
Esse é mais um dos "programas", onde se faz a legitimação de todo esse estado de coisas que ora presenciamos e que o Secretário descreve em sua carta.
Os participantes, nitidamente conservadores, completamente despreparados para fazer uma análise conjuntural do que quer que seja, palpiteiros, "emitem opinitões" sem o menor fundamento e conhecimento de causa.
Uma afirmação canalha como a de que o movimento sindical quer produzir um cadáver para jogá-lo nas portas do Piratini só poderia sair da cabeça de gente descerebrada e mau caráter. Uma trabalhadora, mãe de família, miliante política, iria para uma manifestação com a intenção de se imolar numa batalha campal com uma polícia fascista?
Será que o Secretário percebe o quanto é degenerada a pessoa que levantou essa hipótese? Será que o Secretário percebe o quanto esse tipo de afirmação cala fundo na visão que uma população desinformada, como a nossa, tem da realidade?
Isso, caro Secretário, chama-se formação de subjetividade, onde, num jogo de palavras, as vítimas são transformadas em algozes e os algozes transformados em vítimas. E o mais chocante é que, depois de ouvir essas aberrações, o Secretário ainda afirma que gosta do programa!
Enquanto houver sindicatos e sindicalistas assinando ZMentira, dando audiência para rádio e TV da mídia corporativa e sendo incapazes de identificá-la como o inimigo de classe mais insidioso de todos, assistiremos a toda ordem de tropelias contra o estado de direito.
A mídia corporativa é uma mera extensão do poder que está instalado no Piratini. E não seria nenhum exagero dizer, que, na verdade, o tipo de poder que se instalou no RS é uma extensão do poder e dos interesses da mídia.
Melhor faria o Secretário, se conclamasse os seus pares a um boicote à mídia corporativa, atingindo-a naquilo que é o seu ponto mais vulnerável: o interesse econômico. Uma campanha, por exemplo, de cancelamentos de assinatura de ZH, porque temos certeza que muitos sindicalizados assinam esse pasquim, produziria um resultado muito mais eficaz e imediato que mil cartas como essa enviadas ao tal sala de redação.

Assunto: Aos cuidados do "Sala de Redação"
Data: Sábado, 18 de Outubro de 2008, 20:16
Senhores radialistas do “Sala de Redação” da Rádio Gaúcha
Ouvi, de um dos senhores no programa da última 6ª feira, o comentário de que os movimentos populares e sindicais queriam uma vítima entre os participantes da Marcha dos Sem de 16 de outubro, para usá-la como trunfo contra o governo. Esta afirmação fantasiosa, ofende o movimento dos trabalhadores. Não agimos assim. Somos lutadores e não oportunistas. Não queremos e não precisamos de feridos e muitos menos de mortos para divulgar as nossas idéias.
Mas vamos denunciar sempre as agressões contra os trabalhadores.
Passo, aos senhores, duas fotos feitas no dia 16 de outubro, que mostram a nossa colega Marli Helena Kümpel da Silva, Diretora do Núcleo de Erechim do CPERS, ferida pela explosão de uma “bomba de efeito moral”, como são chamadas eufemisticamente e com impropriedade estes artefatos, tanto pela Brigada Militar como pela imprensa. O impacto em Marli foi direto, deixando-a com uma fratura exposta na perna. Nossa colega, ainda agora, encontra-se em recuperação no Hospital Ernesto Dornelles.
Marli é uma dirigente do CPERS e participa do nosso Conselho Geral. Não queremos nossos dirigentes fora de combate ou imolados em sacrifício. Queremos todos vivos e saudáveis, dirigindo a luta dos educadores.
A Brigada Militar jogou de forma covarde, três bombas sobre a passeata, o suficiente para ferir 17 pessoas, a maioria na cabeça, com cortes feitos pelos estilhaços e queimaduras pela pólvora, o que por si só atesta o alto poder explosivo dos artefatos.
Quem está querendo fazer vítimas? Será que não está claro?
Foi afirmado, no “Sala de Redação”, que poderíamos ter feito uma concessão, e falado de onde foi detido o carro de som, abrindo mão de chegar ao Palácio Piratini. Mas, porque teríamos que fazer esta concessão? Vejam nossas razões:
A “Marcha dos Sem” é uma tradicional manifestação unitária dos movimentos sindicais e populares do Rio Grande do Sul, que se repete todos os anos, desde 1995, terminando sempre em frente ao Palácio Piratini, quando então é entregue uma carta reivindicatória dos participantes ao Governador do Estado. Será que não dá para compreender e aceitar o significado simbólico desta manifestação?
Em 13 anos, nunca aconteceu nenhum incidente. Desta vez, a Marcha do Sem foi reprimida com selvageria pela Brigada Militar, a poucos metros da Catedral Metropolitana, do Palácio Piratini e da Assembléia Legislativa, quando chegaria então ao seu final. O que temiam o Governo Estadual e a Brigada Militar? Era a paranóia de sempre com o MST? Saibam que a maior parte dos 17 feridos na Praça da Matriz, eram educadores, filiados ao CPERS.
Depois da manifestação, com a Praça da Matriz esvaziada, um policial militar recolhia dos canteiros alguns pequenos galhos apodrecidos de jacarandá, daqueles que se quebram com facilidade, ali caídos, e algumas pedras portuguesas soltas na calçada. Depois mostraram para a televisão aquelas “armas” dizendo que haviam sido usadas contra a Brigada Militar. Uma farsa. Os achados foram feitos exatamente no local onde estavam os manifestantes, e não no trecho da Rua Duque de Caxias, onde haviam estado antes os policiais militares, e onde deveriam estar as pedras caso tivessem sido arremessadas contra os soldados.
Quero ainda lembrar que, em 16 de setembro, o BOE e a cavalaria da Brigada Militar investiram contra uma manifestação do CPERS, que buscava uma audiência com a governadora, agredindo com violência a categoria e a Diretoria do Sindicato.
Será o destino do Rio Grande do Sul ser transformado em um estado policial militar, onde a questão social é tratada como questão de polícia, como era na República Velha e na ditadura, onde sindicalista era tido como “baderneiro”?
Atentem na repressão que está sendo desencadeada contra os movimentos sindicais e populares. Ela já está fora de controle e representa uma ameaça às liberdades democráticas.
Gosto muito do “Sala de Redação”, até mesmo quando o programa transcende o futebol e os senhores falam da realidade em que vivemos, mas faço um apelo para que não ignorem os argumentos daqueles que lutam pelos seus direitos.
Em 18/10/2008
CLOVIS CARNEIRO DE OLIVEIRA
Secretário Geral do CPERS-Sindicato

18.10.08

Corretora de Armínio Fraga compra 12,6% do grupo RBS


Fraga é o que Marx chamava de “economista vulgar”

John Kenneth Galbraith (1908-2006), um respeitado economista liberal-burguês, diga-se de passagem, também tinha uma opinião sobre os “economistas vulgares” (Marx) de mercado, talvez mais apurada e atualizada que a do velho Karl.

O grande escritor e economista keynesiano dizia que essa gente não pode ser levada a sério. Apresentam-se como especialistas na mídia, estão em todo o lugar e hora dando pitaco sobre macroeconomia, tendências, política de gastos públicos, etc. Minutos depois apanham um telefone e vão operar com altas e arriscadas jogatinas financeiras, com dinheiro... dos outros. Invariavelmente, estão combinados com jornalistas bem posicionados na grande mídia, que são seus porta-vozes nas orientações mais convenientes – não para a sociedade – mas para seus próprios interesses especulativos e de fração de classe.

Galbraith certamente não conheceu o senhor Armínio Fraga Neto, mas traçou um figurino que cabe à perfeição no perfil do ex-presidente do Banco Central (1999-2003), na gestão do professor Cardoso, justamente quando o Brasil quebrou. Fraga, antes disso, foi diretor-gerente do fundo de George Soros, o maior especulador do planeta. Hoje, ele tem a corretora que acaba de comprar parte da RBS, e é membro do Conselho de Administração do Unibanco.

A RBS, hoje em ZH, se apressa em dizer que não haverá nenhuma modificação editorial na linha jornalística da empresa. Uma pessoa ligada a Armínio Fraga Neto fará parte do Conselho de Administração da RBS.

A notícia não informa o montante de recursos injetados pela corretora na empresa midiática, limitando-se a dizer que significa o equivalente a 12,6428% do capital da RBS Comunicações S/A.

Fonte: Diário Gauche

17.10.08

Semana da Democratização da Comunicação


19 de Outubro “Dia Nacional Contra a Baixaria na TV”
Campanha promove 5º edição do dia contra a Baixaria na TV

Por Ana Lúcia Bonfim

No próximo dia 19 de outubro (domingo), a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) e a Comissão de Legislação Participativa (CLP) da Câmara dos Deputados, juntamente com mais de 60 entidades parceiras da campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania”, promove a 5º Edição do “Dia Nacional Contra a Baixaria na TV” com o tema Publicidade Infantil. Haverá uma programação especial para este dia, com o objetivo de conscientizar a população a participar do esforço por uma televisão mais comprometida com a ética, a qualidade e a diversidade, uma TV que respeita o direito humano à comunicação.
As emissoras públicas (TV Brasil, TV Câmara, TVs Universitárias, TVs legislativas e comunitárias), irão levar ao ar, ao vivo, o programa Ver TV Especial. Participarão do debate Isabella Henriques coordenadora do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, Orlando Fantazzini, um dos idealizadores da campanha e André Porto Alegre, publicitário e membro da Associação dos Profissionais de Propaganda. O programa contará também com a participação da população ao vivo no Parque da Cidade, no link montado pela TV Brasil. O Programa será transmitido das 13h30 às 15h00 na TV Câmara e na TV Brasil.
A campanha “Quem financia a baixaria é contra a cidadania” alerta a sociedade a ficar atenta com relação à publicidade dirigida à criança, uma vez que esta pode trazer malefícios à saúde e a educação de crianças e adolescentes.
A Semana Nacional pela Democratização da Comunicação que ocorre entre 13 a 18 de outubro será marcada por diversas atividades espalhadas pelo país. A campanha “Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania” se soma a estas iniciativas e irá transmitir o programa VER TV ao vivo.
Assista ao VER TV especial e colabore para a construção de uma televisão mais consciente, que respeita e contribui de forma positiva para a formação de nossos jovens. Durante o programa, o telespectador poderá participar enviando perguntas para o endereço eletrônico vertv@tvbrasil.org.br e também ligar gratuitamente para o telefone 0800.619.619. Para mais informações acesse www.eticanatv.org.br.
Fonte: Ética na TV

16.10.08

RBS é a central de justificação ideológica do governo Yeda



ZH faz pregão imobiliário disfarçado

O mito da neutralidade garante o sucesso político da mídia oligárquica. A sentença vale para a ação combinada entre o jornal ZH e o governo Yeda Crusius.

Abrir mão da neutralidade fabricada seria o começo da ruína da mídia comprometida com governos impopulares e que realizam políticas anti-populares.

Haja vista a matéria que domina a página 36 de hoje em Zero Hora (acima). A política emergencial para os menores infratores da Fase se resume a medidas paliativas que não irão sequer mitigar o problema da infância/adolescência pobre e excluída, mas visam espetacularizar “soluções” e mercadejar patrimônio público para beneficiar investidores do capital imobiliário urbano.

A manchete “Crises aceleram reestruturação da Fase” além de justificar ideologicamente o projeto yedista, pretende dizer aos incorporadores e investidores do solo urbano de Porto Alegre que uma área de 72 hectares estará chegando em breve ao mercado imobiliário da Capital. Quem vai querer?

É um verdadeiro pregão imobiliário disfarçado em roupagens jornalísticas.

Se os veículos da RBS não fossem “neutros” (com muitas aspas), como poderiam sustentar e justificar diariamente a irresponsabilidade de um governo (seu aliado) que desmonta o Estado e o vende em pequenas partes para não dar na vista?

Como?

Fonte: Diário Gauche

8.10.08

Parte 1: A arte de desconstruir um governo e de construir uma ilusão

Abaixo, a série produzida pelo jornalista Ayrton Centeno sobre as capas de Zero Hora, do Grupo RBS, em 2008. Apesar de não se tratar de um projeto de pesquisa propriamente dito, vale pela denúncia do tipo de jornalismo que esta empresa de comunicação promove, um atentado à integridade do povo do RS.
Cancele a sua assinatura! Leia o conteúdo da bendita na Internet, já que você chegou até aqui e não consegue se livrar desse tipo de leitura.

A arte de desconstruir um governo e de construir uma ilusão
Ayrton Centeno para RSurgente
5 de abril de 2008

Expostas nas bancas e nas sinaleiras, apregoadas pela publicidade em cartazes, rádio e TV, percebidas mesmo pelos mais desatentos, as manchetes de capa são o hall, o espaço mais visitado dos jornais. Mesmo quando apenas vislumbrado, captado num relance, pode-se dizer que seu enunciado se aloja, de algum modo, na mente de leitores e de não-leitores. Por conta desta alta visibilidade, sem a pretensão de ciência que não posso ter, resolvi anotar e catalogar as manchetes de Zero Hora do último trimestre.

Sabe-se que, no jornal, a criação de manchetes de capa observa, num processo de defesa e ataque, alguns padrões de conteúdo. A barragem de fogo político e ideológico destina-se, quase sempre, ao Governo Lula. Sob o ataque das letras graúdas também costumam estar a base parlamentar do governo federal, os movimentos sociais, as propostas de superação da desigualdade, o Estado brasileiro, o próprio Brasil como um país fragilizado, indigno de confiança, os aliados do Governo Lula na América Latina, notadamente Hugo Chávez, Evo Morales, Fidel Castro, Rafael Correa. Aqui, tenta-se desconstruir o Brasil, Lula, seu governo, seus aliados, suas relações internacionais e seus projetos.

O afago benevolente vai para o Governo Yeda Crusius, o agronegócio, as papeleiras, o mercado e o Rio Grande. Aqui, ao inverso, a idéia é de construir o Grande Rio Grande mítico e empreendedor, cavalgando as propostas com o timbre do Piratini ou os planos de indústrias de se instalarem no Estado, muitas vezes montado apenas em intenções. Aqui, constrói-se uma quimera.

Alguém poderá dizer que não seria necessário dar-se a este trabalho já que a realidade nos informa disto suficientemente. Não deixará de ter certa razão. Mas custa apenas alguns minutos diários e uma dose de omeprazol para proteger as paredes do estômago. Além do mais, é bom escarafunchar estes escaninhos, saciar a curiosidade e perceber como se traduz em números e percentuais esta engrenagem de demolição e edificação de pessoas, partidos e poderes.

Provavelmente embalado pelo ócio de final de ano, comecei a registrar as capas sirostskianas no apagar das luzes de 2007, separando as manchetes em categorias. De pronto, descartei as vinculadas às investidas institucionais da RBS. No período, muitas capas de ZH foram dedicadas a si própria, ou seja, à agenda que implementou com sua campanha de trânsito. Neste movimento, os acidentes, as medidas das autoridades, as cifras de feridos e mortos são apropriados pela campanha e noticiados sob o logo e o slogan correspondentes. Coloquei de lado também àquelas que chamei de neutras. Somadas, as manchetes institucionais, auto-referenciadas, e as neutras são maioria absoluta no trimestre. São neutras - pelo menos dentro do proposto embora, de fato, nunca sejam neutras - geralmente as manchetes relacionadas às festas (Carnaval, Navegantes, Natal, Ano Novo), tragédias, meteorologia, ciência, polícia, esporte, etc.

Feita esta depuração e ajustando o foco apenas nas manchetes políticas, ou seja, aquelas que usam um determinado viés para gritar algo associado às disputas de poder na sociedade e que flagram como o veículo se posiciona diante destas mesmas disputas não obstante invoque o véu da imparcialidade, constata-se que 30,2% delas exploraram fatos negativos para o Governo Lula/PT/Aliados/Brasil, ao passo que somente 7,5% trataram de fatos positivos.

E, de inhapa, 7,5% das manchetes ainda abordaram negativamente fatos relacionados aos aliados latino-americanos do Governo Lula. Esta é a mão que apedreja. Em contrapartida, a mão que afaga acariciou o Governo Yeda/Aliados/Rio Grande com 40% das manchetes positivas e somente 12,5% das negativas.

Como as principais forças que comandam os dois governos são antagônicas, pode-se dizer que ZH prestou um serviço ao governo estadual e aos seus aliados, seja ao enfocar seus temas favoravelmente, seja ao enfocar desfavoravelmente seus adversários, ao publicar praticamente 80% de suas manchetes políticas. Desfavoreceu o Governo Yeda e seus aliados em 20% de suas manchetes.

O mais extravagante de tudo é que, excluídas as manchetes referentes às atribulações do pessoal do aprisco da governadora na CPI do Detran, ZH não produziu uma só manchete claramente questionadora de alguma política do Governo Yeda ao longo de três meses. Zero de crítica. De modo que, na avaliação do jornal, a administração Yeda ronda a perfeição, pouco importando que no mundo real arraste-se com um desempenho constrangedor. De outra parte, o Governo Lula padece nas manchetes de ZH embora no mundo real obtenha a aprovação da grande maioria da população e a imagem do presidente seja ótima de acordo com todas as pesquisas de opinião.

Este desligamento da realidade exterior a que Zero Hora se entrega – de resto, ao lado do PIG – desnuda um desejo de viver na fantasia autoproduzida. Um desejo legítimo, embora bizarro, se suas consequências se restringissem à pessoa física do dono do diário. O que parece anti-jornalístico e anti-democrático é usar um jornal - que pratica o marketing da pluralidade e da “vida por todos os lados” - para favorecer a visão de um lado só. Para, no limite, apresentar aos outros ficção como se fossem fatos. E fatos como se fossem ficção.

Parte 2: De como aprender a amar Yeda

Ayrton Centeno para RSurgente
7 de julho de 2008
Embora às voltas com Laíres e Culaus e ouvindo seu vice pedir a abertura de uma nova CPI para investigar o Banrisul, Yeda teve mais manchetes positivas em Zero Hora que o governo Lula.

O que diriam Zero Hora e seus pares se o vice-presidente José Alencar gravasse uma proposta indecente da ministra Dilma Roussef, acompanhada do detalhamento de como funciona a pilhagem no coração do governo, citando partidos beneficiados e estatais extorquidas? E se Alencar não apenas gravasse o tête-à-tête com a chefia da Casa Civil como o levasse a uma CPI? E o diálogo escabroso, quase imediatamente, se tornasse público? O Armagedom seria uma figura pálida para descrever os dias, meses e anos que se seguiriam.

Pois na província do Rio Grande de São Pedro foi isto o que aconteceu. Ocorre que, nesta terra, os jornais são os mesmos, mas o governo é outro. E isto faz toda a diferença. No ano da graça de 2008, as trombetas do Apocalipse soaram para o governo Yeda Crusius. Porém, nas páginas de ZH, não reverberaram tanto quanto poderia se esperar de um jornal que promete “a vida por todos os lados”. É o que aponta a última “pesquisa” - assim, entre aspas, para não se dar a idéia de uma pretensão de ciência que não se tem e nem se poderia ter – sobre as manchetes de capa do diário. Em abril, publicou-se o primeiro levantamento do gênero abrangendo uma avaliação do primeiro trimestre. Agora é a vez do semestre.

Apenas para recordar: a “pesquisa” descarta as manchetes ditas neutras – as que tratam de assuntos de cidade, ciência e tecnologia, festas, polícia, trânsito, esporte, tragédias, meteorologia, turismo, marketing próprio etc. Retém somente as manchetes políticas, que abordam ações ou omissões das várias instâncias do Executivo e de seus aliados. Estas são as que interessam. São elas que, mesmo lidas num relance, ajudam a construir e destruir, simbolicamente, personagens, propostas e políticas. Procura-se então classificá-las conforme facilitem ou atrapalhem a vida deste ou daquele governo, de suas políticas e de suas alianças. Como ZH não gasta sua beleza com Porto Alegre, a esfera municipal, com suas mazelas ou virtudes, quase nunca ganha a capa. O cotejo acontece então, basicamente, entre as administrações estadual e federal e as leituras que são oferecidas do Rio Grande do Sul sob Yeda e do Brasil sob Lula.

É assim que, nos seis primeiros meses do ano, ZH reservou 32,5% de suas manchetes de capa políticas para abordagens negativas relacionadas ao Governo Lula, suas políticas e suas alianças – no parlamento ou na sociedade - além do Brasil. E reservou somente 8,5% delas para enfoques positivos, percentual praticamente quatro vezes menor. O Governo Yeda, seus aliados, suas políticas e o Rio Grande receberam 31,3% de manchetes de capa favoráveis e 27,7% desfavoráveis. Um lucro de 3,6%. Nada mau se considerarmos que, em 2008, por obra da política – e não da física – o Rio Grande subverteu sua própria matéria, transitando do estado sólido ao gasoso. Nada mau para a gestora desta política que, aliás, já jogou ao mar boa parte do primeiro escalão no esforço de salvar a pele. Como os dois partidos que encabeçam uma e outra gestão polarizam a disputa eleitoral no país, é possível dizer que quase dois terços (63,8%) das manchetes de capa políticas no semestre favoreceram Yeda/aliados/políticas/Estado e desfavoreceram Lula/aliados/políticas/país.

Nada de novo sob o Sol. Este é o modus operandi da mídia, através dos processos de ocultação ou exposição. As palavras e o papel nem sempre cultivam uma relação amistosa com os fatos e a vida. Veja-se o caso de maio. Naquele mês, goste-se ou não, ocorreram algumas conquistas importantes para o Governo Lula e o Brasil além de qualquer subjetivismo: o avanço do emprego com carteira assinada escalou novo recorde; o volume de negócios na Bolsa de Valores de São Paulo atingiu patamares inéditos; a Petrobrás ultrapassou a Microsoft, tornando-se a terceira maior empresa das Américas; as vendas deram um salto no Dia das Mães, deixando os lojistas com a boca nas orelhas; a ministra Dilma sovou a oposição e sepultou a CPI dos Cartões; e a popularidade de Lula, segundo todos os institutos de pesquisa, bateu nos cornos da Lua.

Nada disso foi manchete de capa. Apenas a conquista (01/05) do investment grade. Em suma, o mundo real reservou boas notícias para o governo federal e o país. No entanto, vista através das lentes de ZH, esta mesma realidade transmutou-se no seu exato inverso. ZH obsequiou o Governo Lula, suas alianças, suas políticas e a agenda do Brasil com 43,7% das manchetes de capa negativas. E somente 6,2% das positivas. Embora às voltas com Laíres e Culaus e ouvindo seu vice pedir a abertura de uma nova CPI para investigar o Banrisul, Yeda teve sorte melhor. Seu governo, seus aliados, suas políticas e o Rio Grande receberam 37,5% das manchetes negativas e 12,5% das positivas...

É verdade que Yeda não viajou em céu de brigadeiro nas últimas semanas. Para quem foi acarinhada com 40% das manchetes políticas favoráveis de ZH no primeiro trimestre (apenas 12,5% das contrárias), junho foi um mês complicado para a governadora até no jornal dos Sirotsky. Foram apenas 22,7% manchetes favoráveis contra 40,9% negativas. Também pudera: pode-se duvidar da RBS, mas não de seu senso de sobrevivência...

Mas junho até que começou bem para a governadora. As primeiras capas foram de pura desconversa. ZH deu-se ao direito até, no dia 4, de apresentar uma manchete tão glacial (“Avança plano de transferir presos e demolir o Central”) que nela se poderia embrulhar um linguado e mantê-lo em perfeito estado de conservação por, no mínimo, três meses. Manchete, aliás, que remetia a apenas uma página de texto. Na mesma edição, a redação produzira três páginas com a revelação dos diálogos gravados pela PF, que desmascarou uma enfiada de patranhas ditas na CPI do Detran. Não foi suficiente para galgar a condição de principal fato da capa. Mas o dia seguinte seria notável: 133 edições após a manchete inaugural sobre a esbórnia do Detran, pela primeira vez ZH pespegaria o nome da governadora no principal título da capa sobre o escândalo (“Escutas convencem CPI a convocar o secretário de Governo de Yeda”).

No dia 7, o cataclisma: “Diálogo gravado por Feijó abala o Piratini”. No day after das busatices e feijoladas, é impossível sair da pauta: “Sucessão de crises força Yeda a repensar governo”. No terceiro dia, uma baixada de bola: “Após atrito com aliados, Yeda prefere PSDB no comando da Casa Civil”. Aqui, ZH adota um tom de “recomeço”, e traduz o caos chamado Yeda por “atritos”. No quarto dia – bingo! -- a governadora está governando: “Yeda anuncia gabinete de transição e pente-fino em estatais sob suspeita” (10/06). Não se fala mais sequer em “atritos”. O enfoque é de que Yeda vive, está ativa e tomando providências, plasmado em um título que a assessoria de imprensa do Palácio Piratini teria dificuldades intransponíveis para tornar mais oficial. O gabinete de transição - redigido sem aspas! - é apresentado de modo acrítico, como se não fosse o refulgente factóide que corporifica. No quinto dia, Yeda some da manchete de capa, que se volta para o Tribunal de Contas. E no sexto dia, um velho e bom lombo para bater: “Câmara aprova a volta do imposto do cheque”.

Assim, em seis dias, mesmo tempo que Deus empregou para criar o mundo segundo a Bíblia, ZH recriou uma governadora e um governo. Como um espelho mágico que distorce e doura a percepção das coisas, opera para proteger ambos – e a seus leitores, aqueles que são “donos de um jornal” - desta entidade horrenda chamada Realidade dos Fatos. Yeda volta então ao seu reino encantado, situado em uma galáxia perdida no cosmos, onde sempre conviveu harmoniosamente com elfos, duendes, ninfas, miragens, espectros e, pelo que se descobriu, ogros.

Parte 3: Mais do mesmo

Ayrton Centeno para RSurgente
7 de outubro de 2008
Sem novidades no front. Aquele levantamento sobre a índole das manchetes de capa de Zero Hora que o locutor que vos fala realiza diariamente (com o patrocínio de Engov sem o qual esta empreitada não seria possível) e publica aqui a cada trimestre, aponta um resultado mais vetusto do que as polainas do Brossard. A exemplo dos dois trimestres anteriores, no terceiro de 2008 constata-se que as novidades são antigas na primeira página de ZH. Resumindo: na barca da fantasia do clã Sirotsky, Lula e os seus continuam bufando e movendo os remos no porão enquanto acima, no tombadilho, a governadora repousa rodeada pela vassalagem e sob o afago da brisa marinha. E la nave va.

Por isto mesmo, sentindo a necessidade de criar um fato novo para não frustrar completamente os leitores, aproveitamos o ensejo para anunciar a fundação do Instituto Brancaleone de Pesquisas. Com os uivos deste factóide ainda ressoando nos tímpanos, temos o orgulho de acrescentar que o IBP é pobre porém honrado. Conta com apenas um pesquisador e um toco de lápis. Sob a inspiração de seu patrono e guia espiritual, o cavaleiro Brancaleone da Nórcia, o objetivo primordial do instituto é dar murros em ponta de faca.

Assim sendo, o IBP informa que, no cômputo dos meses de julho, agosto e setembro, Lula continuou apanhando. No mundo real, o presidente bateu sucessivos recordes de popularidade. No universo paralelo em que vivem Zero Hora e seus confrades, a situação é outra. Lula, seu governo, seu partido, seus aliados e o Brasil padecem no pelourinho midiático. O ápice desta pancadaria aconteceu em setembro, onde o presidente e seus aliados foram alvejados com 50% das manchetes políticas negativas sirotskyanas. E acarinhados com apenas 7%. Yeda Crusius e sua grei, mais o Rio Grande Vencedor ficaram com 21% das negativas e o mesmo percentual das positivas. Zero a zero, enquanto Lula tomou uma goleada.

No trimestre, 32,4 % das manchetes de capa de ZH exploraram fatos negativos para o Governo Lula/PT/aliados/Brasil. E somente 13,5% divulgaram fatos positivos. No caso da governadora, de seus aliados e da agenda positiva do Rio Grande velho sem porteira, o tratamento foi outro: 24,3% das manchetes foram favoráveis e 29,7 % desfavoráveis.

Até agora, fechado o nono mês do ano, os percentuais de 2008 indicam que as manchetes de capa anti-Lula/aliados/Brasil foram 32%, enquanto as simpáticas resumiram-se a 10%. Ou seja, para cada positiva mais de três negativas... As manchetes anti-Yeda/aliados/RS foram 28%, ao passo que as positivas atingiram 31,3%.

Mas ZH não é tão levada tão a sério como se pensa. Veja-se, por exemplo, o comportamento dos marqueteiros. Apesar da avaliação camarada do diário, Yeda passou como uma chispa pelo horário eleitoral no primeiro turno da eleição em Porto Alegre. Aparição protocolar e apenas no espaço do candidato de seu partido, o PSDB. Ninguém disputou um milímetro da sua presença ou uma vírgula de seu discurso, embora um punhado de partidos, do onipresente PMDB – aboletado nas administrações de Porto Alegre, do Estado e do país – ao óbvio PTB, transitando pelo PDT, PP, DEM etc, desfrutem das delícias dos CCs em seu governo gasoso.

Na contramão das idiossincrasias de ZH, duas candidatas proclamaram aos quatro ventos sua afinidade com Lula e fizeram um cabo-de-guerra com o presidente no esforço para rebocá-lo até seus programas eleitorais. Desafortunadamente, ao que parece, apenas o Instituto Brancaleone de Pesquisas devota sua atenção ao jornal. Pelo visto, não tem mesmo mais o que fazer...

27.9.08

Jornalismo Envergonhativo

Comentário do Ary, no Diário Gauche, sobre o comportamento de Zero Hora a respeito da investigação do Dep. Estadual Luiz Fernando Záchia (PMDB/RS) pelo TCE/RS e coordenador de campanha do candidato José Fogaça (PMDB), atual prefeito de Porto Alegre:

Ary da Silva Martini disse...

Por obra de ZH/RBS temos no RS o "jornalismo envergonhativo". Os blogs "políticos" de ZH só publicam as desculpas do Záchia. Quem não conhece a notícia não entende a desculpa (esfarrapada). Citam a reportagem da folha mas não dizem do que se trata. É surreal. Adotaram um candidato e militam de forma desonesta. Se fosse o chefe da campanha da Rosário daria capa colorida (vermelho) e teríamos que aturar o lasier mainardi babando e vociferando até o final do segundo turno.

Nota: O deputado Záchia saiu da coordenação da campanha.

Fonte: Diário Gauche.

ZH faz jornalismo autista



Barriga ideológica da RBS

Sem comentários.

Fonte: Diário Gauche

19.9.08

A explicação é simples


Yeda seria vaiada em Rio Grande

O jornal ZH, aliado e suporte político da governadora Yeda, faz um certo mistério sobre o motivo da ausência dela ontem em Rio Grande quando o governo federal anunciou investimentos que podem chegar a dez bilhões de dólares na Metade Sul.

O motivo do forfait de Yeda é singelo: até as ondas do mar iriam vaiar a governadora tucana. E ela pressentiu o perigo.

Os peixes, os crustráceos, os barcos ancorados, os cães e as pessoas de Rio Grande manifestariam a sua desaprovação ruidosa ao desgoverno tucano no Estado, especialmente pelo contraste com o tratamento digno e propositivo do governo federal – onde Lula perdeu as eleições para o candidato tucano – para com o Estado do Rio Grande do Sul.

E a vaia de Rio Grande seria ouvida em todos lares do Estado. Simples.

Abelha 2


“Boas relações no meio cultural”

Quem? Dona Yedinha?

Desde que a ex-professora Yeda Rorato Crusius assumiu o governo do Estado, eu tenho procurado artigos, papers e ensaios da douta economista, mas nunca encontrei nada.

A “sólida formação acadêmica” deveria resultar em algum texto publicado, pelos menos de quando em vez, sem falar nas citações em trabalhos de outros acadêmicos. A produção intelectual de dona Yedinha é deserta. Nada. Ninguém a cita. Zero de referência.

Mas dá para entender a nota acima, a abelhinha quer passar melzinho na governadorazinha.

Quanto às “boas relações no meio cultural” é só observar a titular escolhida por dona Yeda para ser a secretária de Cultura de seu governo, e como essa titular trata a política cultural no Estado.

A “baixaria” a que se refere a abelhinha Rosane não é resultado de briga entre marcianos ou venusianos, resulta da guerra explícita das mediocridades que a própria governadora escolheu para protagonizar a “política cultural” de seu governo.

Quem plantou ventos, quer colher o quê?

Fonte: Diário Gauche

Abelha 1


Governadora Yeda sente um desconcerto

Lendo a informação da abelhinha, logo lembrei de Camões:

O mundo todo abarco e nada aperto

É tudo quanto sinto, um desconcerto

Fazendo jornalismo (e política) com o fígado


O presidente Lula veio ontem ao Estado para inaugurar uma plataforma petrolífera construída no Pólo Naval de Rio Grande. A estimativa total de investimentos alcança quase dez bilhões de dólares, somente na Metade Sul do RS, uma vez que prevê a construção de outra plataforma, a P-55, e inúmeros equipamentos para prospecção e exploração de óleo em águas profundas, inclusive no pré-sal.

Enquanto isso, o jornal Zero Hora não consegue esconder ressentimentos expressos no tratamento figadal que dá ao fato jornalístico.

Haja vista a capa do principal diário da RBS, onde o novo laço da mitificada estátua do “Laçador” recebe tratamento mais amplo e generoso que a visita do presidente Lula ao Estado, classificando a notícia com um tom político-eleitoral, ao dizer que Lula “batiza um projeto político na Metade Sul”. O texto, no interior do jornal, não explica por que e como o presidente “batiza um projeto político”.

Mas vejamos as pequenas pérolas da fala de pigmeu ressentido, estampado em Zero Hora de hoje:

Lula pretende usar a monumental estrutura da P-53 para lançar as bases de um projeto de poder. [...]

Lula [...] ambiciona um governo que perdure além de seus dois mandatos. [...]

Lula se outorgou o título de defensor dos pobres. [...]

Lula amplifica seus objetivos, usando a eleição municipal como trampolim para a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. [...]

Quanto menos oposição, melhor para os projetos futuros de Lula. [...]

Lula descobriu nas reservas subterrâneas o palanque perfeito para engatilhar seu discurso ufanista em torno do petróleo. [...]

Lula tenta se apresentar como o fiador do ciclo do petróleo. [...]

Como se vê, o texto não precisa de coerência interna, nexo ou verossimilhança com a realidade dos fatos, pinga copiosamente a secreção biliosa que escapa ao domínio da razão e do real.

Dá perfeitamente para entender, de fato, não há disciplina ou racionalidade que estanque os resíduos fisiológicos humanos. Só não se pode fazer desse fel, jornalismo sério e responsável.

Fonte: Diário Gauche