11.12.09

MP Federal pede informações sobre contratos da RBS e Globo no Rio Grande do Sul

A Procuradoria da República no Município de Canoas solicitará à Junta Comercial do Rio Grande do Sul para que forneça todos os contratos sociais dos 12 CNPJs que compõem o grupo Rede Brasil Sul de Comunicação (RBS) no Estado. A decisão foi tomada durante audiência pública, realizada dia 25 de novembro, que discutiu possível monopólio da RBS e irregularidades nas concessões de rádio e televisão no Rio Grande do Sul. O coordenador da audiência pública e procurador da República em Canoas, Pedro Antônio Roso, informou ainda que será requisitado ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) que informe em nome de quem está registrada a marca RBS.

Também será questionado à Rede Globo, RBS Porto Alegre, Caxias do Sul e às outras 10 afiliadas, qual percentual da arrecadação total que vai para a Globo, quanto fica com a RBS de Porto Alegre e quanto obtém a RBS do interior do Rio Grande do Sul. O MP Federal também vai requisitar à Rede Globo e a RBS cópias dos contratos entre as mesmas.

Durante todo encontro, representantes do movimento social, entre os quais o próprio Conselho Regional de Radiodifusão Comunitária (Conrad-RS), autor do pedido de providências que resultou na audiência pública, defenderam a existência do monopólio na área de comunicação, alegando, inclusive, que o Ministério das Comunicações dificulta a análise de concessão para funcionamento das rádios comunitárias. O Ministério negou tal afirmativa justificando que existem outros concorrentes ao grupo no Estado e que o Decreto-lei 236/67, em seu artigo 12, limita em duas concessões no máximo por proprietário dentro de um Estado. A RBS explicou que possui apenas duas emissoras de televisão, Porto Alegre e Caxias. As demais seriam outras empresas, inclusive com CNPJ diferente e que estaria cumprindo a legislação, pois alega ser proprietária apenas das duas emissoras.

Outros encaminhamentos foram tomados durante a audiência pública, entre os quais que será enviado ofício ao Conselho Nacional de Valores Imobiliários (CNVI) para saber porque a publicação de uma ata da RBS/Zero Hora Editora Jornalística S/A, realizada em 10 de dezembro de 2007, só ocorreu no dia 30 de outubro de 2009, ou seja, quase dois anos depois. Será recomendado também ao Ministério das Comunicações que abra procedimento a fim de verificar a existência de monopólio de fato por parte da RBS. O procurador da República aguardará a resposta das requisições e pretende marcar outra audiência para novo debate do tema.

As informações são do Ministério Público Federal.

Debate “Monopólio da RBS”

A partir das 18h30, acompanhe aqui a cobertura ao vivo do debate “Monopólio da RBS”, direto da livraria Letras e Cia, em Porto Alegre. Os debatedores serão Dagmar Camargo (Coordenadora do Conselho Regional de Radiodifusão Comunitária) e Cristina Feio de Lemos (Membro da Comissão Estadual de Organização da Confecom RS e representante do Sintrajufe/CUT.

O debate também pode ser acompanhado pelo Twitter do Jornalismo B.

Vai começar o debate “O monopólio da RBS”, direto da livraria Letras e Cia. Cristina Feio fez feio e faltou ao debate. Mas Dagmar Camargo (Coordenadora do Conselho Regional de Radiodifusão Comunitária), vai fazer sua exposição e abrir depois para perguntas.

Cris lembrou que há duas semanas tivemos uma Audiência Pública, em Canoas, discutindo o monopólio da RBS. Dagmar começa sua fala.

Dagmar lembra que o MP de SC entrou com uma ação contra a RBS quando da compra do jornal A Notícia pelo grupo.

Dagmar explica a representação contra a RBS que resultou na Audiência Pública da qual a Cris falou.

Dagmar fala dos documentos que pediram sobre as outorgas e as empresas de televisão e também de rádio. Demorou para receber esses documentos, e a audiência foi convocada logo após recebê-los. Dagmar explica que uma emissora pode operar apenas seis meses com outorga vencida. Fala de rádios da RBS com outorga vencida desde 1997.

Dagmar está falando sobre como as concessões foram distribuídas, em sua grande maioria na época de José Sarney. Lembra uma coluna de Juremir Machado, que disse que foi ao Maranhão ver como estava a crise do Senado, e lá não tinha crise. Porque todos os jornais, as televisões e as rádios eram da família Sarney e de aliados.

Dagmar explica que os veículos da RBS têm CNPJ diferentes, por isso não são legalmente caracterizados como monopólio. Mas lembra que essa prática, em qualquer outra área, seria formação de quadrilha, pelo uso de laranjas.

A entrevista que demos antes do debate, vai para o ar no canal 30 da TV aberta e 32 da net, no sábado, às 13h, com reprise às 20h. A entrevista foi para uma reportagem sobre a liberdade de expressão nos dias de hoje, vinculada aos 41 anos do AI-5.

Dagmar fala da lei de mídia da Argentina, que deve ajudar a democratizar a informação, com a divisão do espectro de TV e rádio.

A cobertura do debate também pode ser acompanhada através do Twitter do Jornalismo B (http://twitter.com/jornalismob)

Dagmar reclama que a grande mídia não divulga os espaços de discussão de movimentos sociais e de contestação. E, quando divulga, as informações aparecem todas erradas.

Fala da criminalização dos movimentos sociais pela grande imprensa, em especial da RBS. Lembra também os elogios de Luiz Carlos Prates à ditadura militar. “Claro, ele tinha uma carteira da RBS, podia entrar onde quisesse”.

“O Brasil saiu de uma ditadura militar para uma ditadura da mídia, pois as verdades que são construídas hoje são todas contruídas pela mídia”.

“Perdemos uma grande oportunidade de democratizar a comunicação com a digitalização da televisão” – Dagmar Camargo

Amanhã, aqui no Jornalismo B, a cobertura completa do debate de hoje, sobre o monopólio da RBS, com as fotos do evento e nossa análise.

“Tentamos criar meio de controle, com os Conselhos de Comunicação” – Dagmar Camargo

Esse é o último debate que o Jornalismo B promove neste ano. Durante todo 2009, promovemos mensalmente discussões sobre temas importantes do jornalismo e da mídia brasileira.

Dagmar Camargo fala dos problemas da TVE, emissora pública gaúcha que está sendo privatizada pelo governo Yeda. O prédio da TVE vai à leilão, pois o dono quer vender e o Estado, que teria prioridade, não mostrou interesse. “Enquanto Yeda não investe na TVE, coloca um monte de dinheiro em propaganda através da RBS”.

“Tudo o que os empresários querem é a desregulamentação, que está acontecendo cada vez mais. Nós queremos a regulamentação, o Estado tem que exercer certo controle para democratizar a mídia” – Dagmar Camargo

Cris pergunta de que forma esse monopólio se manifesta no conteúdo que chega ao cidadão. “Há toda uma ideologia pela qual eles conseguem transformar os fatos. A vítima é o policial que deu o tiro pelas costas” – Dagmar Camargo

“A solução é fazer o que está prevista na Constituição, com o equilíbrio entre os sistemas público e privado” – Dagmar Cardoso.

Platéia comenta a omissão de informações, Dagmar fala dos direitos de resposta, inexistentes na realidade.

Dagmar fala sobre a importância que a grande imprensa teve na questão do zoneamento ambiental no Rio Grande do Sul, quando apoiou as empresas de celulose e priorizou a questão econômica em detrimento da ambiental.

Dagmar diz que quem deve fiscalizar o monopólio é a Anatel. “Para fiscalizar rádios comunitárias eles são muito bons” – Dagmar Camargo

“Segundo a Anatel, nem existe monopólio no Brasil” – Dagmar Camargo

Platéia pergunta sobre atuação da Conrad, e Dagmar diz que realiza seminários, visita rádios comunitárias…não age mais por falta de verba.

Platéia pergunta sobre valorização das rádios comunitárias pela sociedade. “As nossas rádios passam de 50% de audiência no primeiro ano, e de 80% no segundo. É por dar o microfone para as pessoas falarem e se verem ali. As pessoas não se enxergam nos grandes meios” – Dagmar Camargo

“A RBS não tem nenhum programa de direitos humanos e ganha prêmios de direitos humanos promovidos pela própria RBS” – Dagmar

Cris encerra o debate, agradecendo a Letras e Cia e a Dagmar Camargo. Dagmar agradece, diz que esses espaços de debate são importantes.

Amanhã, aqui no Jornalismo B, a cobertura completa do debate de hoje.

Aplausos, acabou.



Fonte: JornalismoB

10.12.09

Zero Hora corre para o vinagre




Três exemplos de como não se faz jornalismo


Vá entender as editorias do jornal Zero Hora. Não tente, você pode adquirir um torcicolo mental a ponto de comprometer as suas faculdades cognitivas para todo o sempre.

Na edição de hoje, três abordagens de três temas distintos fritam o cabeção de qualquer um. Ignora-se onde os caras querem chegar, tamanha é a distorção dos princípios básicos do bom jornalismo.

O jornal da RBS quer ser engraçadinho quando menciona o "reino do Chávez". Engraçadinho e impreciso. A Venezuela é uma república democrática, não é uma monarquia. Se quiser insistir, o editor então deve mandar confeccionar os textos inteligentes chamados "para seu filho entender". Quanto à abordagem da chamada "crise bancária venezuelana" esta é puramente ficcional. Sugiro que os editores/redatores leiam a Folha de S. Paulo de hoje, o insuspeito diário dos Frias, certamente confiável à empresa dos Sirotsky. Na Folha serrista, se fica sabendo que o Judiciário da Venezuela mandou prender banqueiros "acusados de apropriação indevida de fundos de poupadores, fraude e formação de quadrilha, em sete bancos privados de pequeno porte". Em ZH, há uma livre re-interpretação da notícia, assim: "Presidente [Hugo Chávez, agora ele é "presidente", acima é chamado de "monarca"] já fechou sete bancos e prendeu oito executivos, causando apreensão entre correntistas". O Judiciário da Venezuela está procurando sanear o sistema bancário do País, com o objetivo de precisamente preservar a poupança e os investimentos dos cidadãos e cidadãs venezuelanos. Mas a matéria de ZH passa uma idéia inversa, a de que a intervenção "do Presidente Chávez" está trazendo insegurança para os correntistas dos bancos corrompidos por seus próprios donos e executivos financeiros.

A desonestidade jornalística dos editores de ZH, neste caso, é mais que evidente, é gritante. Trata-se de um estelionato midiático constrangedor. Pode ser objeto de estudos comparativos nas faculdades de Comunicação Social pelo Brasil afora. O professor coloca ZH e a Folha, lado a lado e compara o tratamento da referida matéria. Notem que estou - propositalmente - sugerindo a Folha, um jornal que não é propriamento o paradigma da honestidade jornalística, mas vá lá.

Outra matéria da edição de hoje, em ZH: essa não foi vítima da desonestidade dos editores, mas da inutilidade da notícia. Os caras estampam como manchete a clássica notícia do "cachorro que mordeu o transeunte". Ou seja, o governador Arruda nega enriquecimento. Ponto. Isto é notícia? Que relevância tem esta platitude para ocupar a manchete no alto de página? [Desculpem o oxímoro "platitude relevante".]

Outra, também de hoje: colocar na capa do jornal as desculpas esfarrapadas do "egrégio" ex-reitor da Ulbra. Onde está a relevância disso? A intenção é mesmo reabilitar a reputação de um suspeito de impor gestão temerária numa Universidade que envolveu alto risco à profissão e às expectativas e sonhos de mais de cem mil pessoas? Afinal, de que lado ZH está?

A continuar assim - com esse jornalismo de verdades particulares - ZH vai a passos largos para o vinagre da nossa indiferença.

Fonte: Diário Gauche

7.12.09

Relembrando

A campanha de cancelamento do jornal Zero Hora, do monopólio midático Grupo RBS, foi composta dos seguintes materiais, entre outros, há 7 anos atrás:

Blogueiro notificado pela Folha: "Intimidação"

Atualizado em 05 de dezembro de 2009 às 09:35 | Publicado em 04 de dezembro de 2009 às 23:48

por Conceição Lemes

Antonio Arles é estudante de História da USP, militante de movimentos sociais, ciberativista e blogueiro. Hoje ele recebeu uma notificação dos advogados da Folha e do Uol. Determinava que retirasse do seu blog, o Arlesophia, as imagens da campanha para cancelamento das assinaturas do jornal e do portal.

Viomundo – A que horas isso aconteceu?

Antonio Arles – Aproximadamente às 14 horas, quando saía de casa para a USP. Minha mulher [Flávia] manobrava o carro na garagem e eu esperava na calçada. Aí, fui abordado por um motorista de táxi, que perguntou se eu era Antonio. À confirmação, apontando na direção de um táxi parado no lado oposto à minha casa, disse: “Ela quer falar com você”.

Viomundo – Ela era quem?

Antonio Arles – Uma mensageira do escritório de advocacia que representa o jornal e o portal. Ela limitou-se a dizer que havia uma correspondência para mim e pediu-me que assinasse o protocolo de recebimento. Como estava atrasado para a aula, abri o envelope no caminho. Aí, eu vi que se tratava de uma notificação extrajudicial dos advogados da empresa pelo uso indevido da imagem na campanha pelo cancelamento das assinaturas da Folha e do Uol.

Viomundo – A campanha começou quando?

Antonio Arles – Domingo passado.Na sexta-feira passada [27 de novembro], em função da publicação do artigo Os filhos do Brasil, do César Benjamin, começou no twitter um movimento para cancelamento das assinaturas. No domingo, como já havia muitas adesões, resolvemos lançar a campanha.

Viomundo – É uma campanha do seu blog?

Antonio Arles – Não. É de várias pessoas da blogosfera. Para facilitar o acesso, eu coloquei os links das imagens no meu blog. A partir daí o pessoal foi disseminando.

Viomundo – O que contêm essas imagens?

Antonio Arles – As marcas da Folha e do Uol.

Viomundo – Qual a alegação dos advogados?

Antonio Arles – Uso indevido da imagem. No final da tarde, fiz o que notificação determinou: retirei as imagens do ar. Consequentemente a própria campanha do meu blog.

Viomundo – O que você pretende fazer agora?

Antonio Arles – Meu advogado está estudando medidas legais cabíveis contra essa postura da Folha. Considero intimidação. É cerceamento à liberdade de expressão.

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Nota do Viomundo: Os advogados alegam que "A marca da Folha e do Uol foram indevidamente utilizadas, de vez que não autorizadas, agravando-se tal ato pelo seu denegrimento." Denigrir é um termo racista. Significa tornar negro, em sentido pejorativo. Há outras palavras para expressar o que desejam, mas recorrem a uma com conotação preconceituosa, que associa o tornar-se negro a algo negativo. Denigrir, segundo o Dicionário do Houaiss, quer dizer também diminuir a pureza, o valor de; conspurcar(-se), manchar(-se).


Fonte: Viomundo

Cancelamento de assinaturas preocupa UOL e Folha

O blog Arlesophia informa que recebeu hoje uma notificação extrajudicial de um escritório de advocacia representando o jornal Folha de São Paulo para que retirasse do ar os selos da campanha #CancelandoFOLHA e #CancelandoUOL, sob pena de processo por uso indevido das marcas. O blogueiro Antonio Arles escreve: “Retirei imediatamente os referidos selos. No momento não poderei desenvolver um post explicando melhor o caso, mas deixo aqui meu protesto por mais este ato de censura contra blogs”.

Pelo visto, os cancelamentos de assinaturas da Folha e do UOL começam a incomodar o grupo Frias. O blog do Mello relata por que cancelou sua assinatura do UOL. Aqui em casa, fizemos o mesmo. A razão: uso indevido da inteligência do assinante.


Fonte: RSurgente

Câmara discute questões da TVE e FM Cultura


03/12/2009
Foto: Tonico Alvares
Comissão teme a extinção da emissora com a possível mudança de prédio

O presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, vereador Sebastião Melo (PMDB), e o vice-presidente, vereador Adeli Sell (PT), receberam, na manhã desta quinta-feira (3/12), representantes da TVE e FM Cultura, do Sindicato dos Jornalistas e do Sindicato dos Radialistas para discutir a situação enfrentada pelos funcionários da emissora com a possível mudança de prédio.

A TVE e FM Cultura, pertencentes ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul, mantêm suas instalações no Morro de Santa Tereza há cerca de 30 anos, em imóvel pertencente ao INSS. O governo, segundo os funcionários, não quis adquirir o imóvel, apesar de ter a preferência na compra, não tendo aceito negociar com o INSS a permuta por um de seus mais de 1,5 mil prédios ociosos.

A representante dos funcionários da TVE e FM Cultura, Elisabete Lacerda, pediu que os poderes tomem providências e não deixem que a emissora seja extinta. “Trata-se de um prédio histórico. Tememos que a emissora feche as portas ou que fique sem programação local”, argumentou.

Os sindicatos dos Jornalistas e Radialistas reclamam do descaso do governo, que em muitos casos reflete na qualidade da infraestrutura e da produção. Para o presidente do Sindicato dos Radialistas, Antônio Peres, e o diretor do Sindicato dos Jornalistas, Léo Nunes, a situação não pode avançar sem interferências. “Teríamos demissões e a perda de um veículo importantíssimo”, disse Nunes.

O presidente do Legislativo municipal, Sebastião Melo, propôs que seja realizada uma reunião no dia 14 de dezembro, com deputados estaduais, secretários da Cultura, representantes do INSS, da TVE/FM Cultura, dos Sindicatos dos Jornalistas e Radialistas, entre outros representantes dos Poderes Executivo e Legislativo. "Esta causa deve envolver todos os setores", avaliou.

Taidje Gut (reg. prof. 13614)
Fonte: http://www.camarapoa.rs.gov.br

Fonte: Fórum TVE FM Cultura

Sindicalista pede apoio dos deputados a trabalhadores da TVE

TRIBUNA POPULAR

Michele Limeira - MTB: 9733 | Agência de Notícias 15:27 - 03/12/2009
Edição: Letícia Rodrigues - MTB 9373


O presidente do Sindicato dos Radialista, Antonio Edson Peres, usou o espaço da tribuna popular, no início da sessão plenária de hoje (3), para solicitar apoio dos parlamentares aos trabalhadores da TVE e da FM Cultura: “Pedimos aos deputados que recebam os trabalhadores em audiência pública e nos ajudem neste momento difícil e de instabilidade pelo qual passam os funcionários”.

Peres explicou que os trabalhadores destes veículos correm o risco de perder o prédio em que estão instalados e estão preocupados com a situação, porém não estariam recebendo atenção do governo do Estado e da presidência da TVE. “Há uma censura branca”, provocou.

O sindicalistas também protestou contra os impasses existentes em negociações com classes patronais para reajustes salariais e citou dificuldades vividas pelos funcionários da Rádio Guaíba, devido à nova administração.

Tribuna Popular
A Tribuna Popular é realizada na primeira quinta-feira de cada mês e é aberta a entidades da sociedade civil, que têm dez minutos para explanação. Para ocupar a Tribuna Popular, as entidades devem encaminhar requerimento à Presidência da Assembleia Legislativa, pelo menos 72 horas antes. Os requerimentos de Tribuna Popular são deliberados pela Mesa Diretora da Casa.

Fonte: http://www.al.rs.gov.br

Fonte: Fórum TVE FM Cultura

25.11.09

Curso de Jornalismo do Sakamoto

http://colunistas.ig.com.br/sakamoto/2009/11/24/curso-de-jornalismo-pratico-o-manual-do-colunista/
24/11/2009 - 07:37

Curso de Jornalismo Prático: O manual do colunista

Agora que a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão caiu, o Blog do Sakamoto reforça o seu Curso de Jornalismo Prático. Já em sua terceira aula (a primeira e a segunda, sobre o Disk-Fonte: O Jornalismo Papagaio de Repetição, foram um sucesso), o Curso é elaborado em conjunto com amigos que são grandes repórteres e conhecem como ninguém o universo das redações. Para esta aula, um deles foi certeiro na análise do problema, criando um manual que será de grande utilidade aos recém-formados, mas também àqueles com mais quilometragem que querem “chegar lá”.

Quer virar colunista ou editorialista de jornalão impresso, de um telejornal noturno ou de uma revista semanal de grande circulação? Fácil. Basta seguir esse manual. Para cada tema polêmico da atualidade, há um repertório de cinco argumentos que devem ser repetidos ad nauseum, sem margem para hesitação. Pintou o tema, escolha um dos cinco argumentos abaixo e tasque na sua coluna. Se quiser, use mais de um. Você é a estrela.

Uma dica: para sua coluna parecer diversificada, democrática, procure colocar alguns dos argumentos abaixo na boca de “especialistas”. Veja a lista de nossos especialistas no Disk -Fonte e escolha livremente. Se já estiver na hora do fechamento e ninguém atender, ligue para o Demétrio Magnolli, pois esse está sempre à disposição e discorre sobre qualquer assunto. Ele é fera.

E atenção: não se preocupe se o seu concorrente direto anda usando exatamente esses mesmos argumentos há anos. Não importa também se quase todos esses argumentos já foram aniquilados pelos fatos. O importante, em todos os casos, não é citar fatos. O que conta é dar ênfase no argumento. Se você estiver apresentando um telejornal, faça cara de compenetrado. Se for uma coluna, um editorial, carregue no título.

Além da segurança, da facilidade e da comodidade, há várias outras razões para você usar esse manual: 1) você vai parecer erudito; 2) você vai gastar pouco tempo para fechar a coluna; e 3) seu texto irá repercutir muito bem junto ao dono do(a) jornal/revista/TV que você trabalha.

Ao manual:

Se o assunto é: Cotas nas universidades, ação afirmativa, Estatuto da Igualdade Racial

Seus argumentos devem ser:
“Para a biologia, a raça humana é uma só. Logo, não faz sentido dividir as pessoas por raças”
“A política de cotas é perigosa. Irá criar conflitos que não existem hoje no Brasil”
“É uma ameaça à qualidade do ensino, pois os beneficiários não conseguirão acompanhar as aulas”
“Essas iniciativas representam uma ameaça ao princípio de que todos são iguais perante a lei”
“Cotas são ruins para os próprios negros, pois eles sempre se sentirão discriminados na faculdade”

Se o assunto é: Reforma agrária, MST, agricultura familiar

Seus argumentos devem ser:
“Não faz mais sentido fazer reforma agrária no século 21”
“O agronegócio é muito mais produtivo, eficiente, rentável, moderno e lucrativo”
“O Fernando Henrique já fez a reforma agrária no Brasil”
“Se você distribui lotes, o agricultor pega a terra e a vende para terceiros depois”
“O MST é bandido”

Se o assunto é: Bolsa Família

Seus argumentos devem ser:
“O pobre vai usar o dinheiro para comprar TV, geladeira, sofá e outros artigos de luxo”
“O pobre não terá incentivo para trabalhar. Vai se acostumar na pobreza”
“Não adianta dar o peixe, tem de ensinar a pescar”
“O programa não tem porta de saída” (não tente explicar o que é isso)
“O governo só sabe criar gastos”

Se o assunto é: Mortos e desaparecidos políticos, abertura de arquivos da ditadura, revisão da Lei de Anistia

Seus argumentos devem ser:
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
“Não é hora de mexer nesse assunto”

Se o assunto é: Confecom, democratização da comunicação, classificação indicativa

Seus argumentos devem ser:
“Qualquer regulamentação é ruim, o mercado regula”
“É um atentado à liberdade de imprensa”
“Querem acabar com o seu direito de escolha”
“Já tentaram expulsar até o repórter do New York Times, sabia?”
“A classificação indicativa é censura. Os pais é que têm que regular o que seus filhos assistem”

Se o assunto é:
A política econômica

Seus argumentos devem ser:
“O governo deveria aproveitar esse período de vacas gordas para fazer as reformas que o Brasil precisa, cortando custos”
“Os gastos e a contratação de pessoal estão completamente fora de controle”
“O país precisa fazer a lição de casa e cortar postos de trabalho”
“Quem produz sofre muito com o Custo Brasil, é necessário cortar custos e investir em infra-estrutura”
“Só dá certo porque é continuidade do governo FHC”

Se o assunto é:
Trabalho e capital

Seus argumentos devem ser:
“O que os sindicatos não entendem é que, nesta hora, todos têm que dar sua cota de sacrifício”
“Os grevistas não pensam na população, apenas neles mesmos”
“Sem uma reforma trabalhista que desonere o capital, o Brasil está fadado ao fracasso”
“A CLT é uma amarra que impede a economia de crescer”
“É um absurdo os sindicatos terem tanta liberdade”





http://colunistas.ig.com.br/sakamoto/2009/05/29/disk-fonte-o-jornalismo-papagaio-de-repeticao/

29/05/2009 - 08:18

Disk Fonte: o jornalismo papagaio de repetição

Não existe imparcialidade jornalística. Qualquer estudante de jornalismo aprende isso nas primeiras aulas. Quando você escolhe um entrevistado e não outro está fazendo uma opção, racional ou não, por isso a importância de ouvir a maior diversidade de fontes possível sobre determinado tema. Fazer uma análise ou uma crítica tomando partido não é o problema, desde que não se engane o leitor, fazendo-o acreditar que aquilo é imparcial.

Infelizmente, muitos veículos ou jornalistas que se dizem imparciais, optam sistematicamente por determinadas fontes, sabendo como será a análise de determinado fato. Parece até que procuram o especialista para que legitime um ponto de vista. Ou têm preguiça de ir além e fugir da agenda da redação, refrescando suas matérias com análises diferentes. Dois amigos, grandes jornalistas com anos de estrada, ajudaram a fazer uma lista exemplar do que estou falando.

Vale ressaltar que boa parte destas fontes são especialistas sérios, reconhecidos em seus campos de atuação e que já deram importantes contribuições à sociedade. Como disse um desse amigos, terem posições conservadoras ou liberais não os descredencia. É um direito que eles têm. O problema são as mídias que sempre, sempre, sempre procuram esses mesmos caras para repercutir. Sempre eles. E somente eles.

Façam um teste e procurem esses nomes no seu jornal, revista, rádio, TV, site preferidos.

Questões trabalhistas? Disk Pastore
(O sociólogo José Pastore, mas sem dizer que ele dá consultoria para a Confederação Nacional da Indústria e a empresários que têm interesse direto no assunto)

Constitucionalismos? Disk Ives Gandra
(O respeitável jurista do Opus Dei não vacila jamais)

Ética? Disk Romano
(O professor de filósofia Roberto Romano)

Questões sindicais? Disk Leôncio
(O cientista político Leôncio Martins Rodrigues)

Ética na política? Disk Gabeira
(O deputado federal Fernando Gabeira, que viaja bastante de avião…)

Ética dos juros? Disk Eduardo Giannetti
(O professor do Ibmec é quase um gênio)

Pau no governo Lula? Disk Marco Antônio Villa
(Historiador. Tiro e queda. Mais pau no governo Lula? Disk Lúcia Hippólito – com a vantagem de ser uma das meninas do Jô)

Relações internacionais? Disk Rubens Barbosa
(Ex-embaixador. Precisa diversificar? Disk Celso Lafer, o ex-chanceler)

Mercado financeiro? Disk Arminio Fraga, o ex-BC
(Não rolou? Disk Gustavo Loyola? Ocupado? Ah, então vamos no Disk Maílson mesmo)

Mercado financeiro mundial? Disk Paulo Leme
(O cara está em Wall Street, pô, sabe tudo…)

Segurança pública? Disk Zé Vicente
(Ele é durão, estava lá dentro, mas fala como sociólogo. E com a vantagem de não ficar falando em direitos humanos para qualquer “resistência seguida de morte”. É o coronel esclarecido…)

Partidos? PT especificamente? Disk Bolívar
(O cientista político Bolívar Lamounier, mas, por favor, não diga que ele é filiado ao PSDB)

Geografia? História? Demografia? Sociologia? Socialismo? Política? Geopolítica? Raça? Relações internacionais? Coréia? Pré-sal? Cotas? Mensalão? América Latina? MST? Pugilistas cubanos? Liberdade de imprensa? Farc? Tarso Genro? Disk Demétrio Magnoli
(Se te ocorrer algum outro assunto, ligue para ele também)



http://colunistas.ig.com.br/sakamoto/2009/06/15/disk-fonte-o-jornalismo-papagaio-de-repeticao-parte-2/

15/06/2009 - 15:16

Disk Fonte: o jornalismo papagaio de repetição – Parte 2

Dada o sucesso do “Disk Fonte”, este blog traz o Disk Fonte: o jornalismo papagaio de repetição – Parte 2 (a Missão), com sugestões colhidas em redações e entre os leitores deste blog.

São personagens com opiniões mais que conhecidas sobre determinadas temas, mas sistematicamente procurados por alguns veículos porque dizem exatamente aquilo que esses veículos querem ouvir. Esse joguinho viciado exige duas cenas de fingimento por parte dos veículos. A primeira é que o jornalista busca uma opinião independente, isenta. Falso. Nesses casos, muitas vezes os repórteres selecionam suas fontes já sabendo exatamente o que as fontes irão dizer. Citam só para dar um aspecto de isenção na “reportagem”. Na realidade, estão é dando uma opinião. Só que de forma terceirizada.

O segundo fingimento é não ver que uma parcela cada vez maior de leitores já percebeu como funciona esse joguinho viciado.

Aos nomes:

Contas Públicas? Disk Raul Velloso
(o economista critica os gastos. Qualquer gasto)

Telecom? Disk Ethevaldo Siqueira
(é o jornalista que mais conhece o fascinante mundo da telefonia privatizada, mas, ao citá-lo, só não diga que ele dá consultoria para empresas da área)

Previdência? Disk Fabio Giambiaggi
(aproveite e fale um pouco da perseguição que ele sofreu no “aparelhado” Ipea…)

Reformas estruturantes? Disk Scheinkman
(José Alexandre Scheinkman é o maior especialista nas “lições de casa” que o Brasil precisa fazer. É o nosso maior Chicago Boy)

PT-RS? Disk Rosenfield
(o filósofo Denis Rosenfield, da UFRGS, domina esse nicho há mais de uma década)

MST? Reforma Agrária? Disk Jungmann
(o deputado e ex-ministro Raul Jungmann só abandona sua cruzada quando o assunto é Daniel Dantas)

Educação? Disk Claudio Moura e Castro
(sabe tudo de ensino privado)

Bolsa Família? Disk Frei Betto
(você conhece alguém mais que esteve lá dentro e fala mal do programa?)

ABAIXO, AS FONTES DO POST ANTERIOR PARA QUEM NÃO VIU:

Questões trabalhistas? Disk Pastore
(O sociólogo José Pastore, mas sem dizer que ele dá consultoria para a Confederação Nacional da Indústria e a empresários que têm interesse direto no assunto)

Constitucionalismos? Disk Ives Gandra
(O respeitável jurista do Opus Dei não vacila jamais)

Ética? Disk Romano
(O professor de filósofia Roberto Romano)

Questões sindicais? Disk Leôncio
(O cientista político Leôncio Martins Rodrigues)

Ética na política? Disk Gabeira
(O deputado federal Fernando Gabeira, que viaja bastante de avião…)

Ética dos juros? Disk Eduardo Giannetti
(O professor do Ibmec é quase um gênio)

Pau no governo Lula? Disk Marco Antônio Villa
(Historiador. Tiro e queda. Mais pau no governo Lula? Disk Lúcia Hippólito – com a vantagem de ser uma das meninas do Jô)

Relações internacionais? Disk Rubens Barbosa
(Ex-embaixador. Precisa diversificar? Disk Celso Lafer, o ex-chanceler)

Mercado financeiro? Disk Arminio Fraga, o ex-BC
(Não rolou? Disk Gustavo Loyola? Ocupado? Ah, então vamos no Disk Maílson mesmo)

Mercado financeiro mundial? Disk Paulo Leme
(O cara está em Wall Street, pô, sabe tudo…)

Segurança pública? Disk Zé Vicente
(Ele é durão, estava lá dentro, mas fala como sociólogo. E com a vantagem de não ficar falando em direitos humanos para qualquer “resistência seguida de morte”. É o coronel esclarecido…)

Partidos? PT especificamente? Disk Bolívar
(O cientista político Bolívar Lamounier, mas, por favor, não diga que ele é filiado ao PSDB)

Geografia? História? Demografia? Sociologia? Socialismo? Política? Geopolítica? Raça? Relações internacionais? Coréia? Pré-sal? Cotas? Mensalão? América Latina? MST? Pugilistas cubanos? Liberdade de imprensa? Farc? Tarso Genro? Disk Demétrio Magnoli
(Se te ocorrer algum outro assunto, ligue para ele também)

JÁ, RESISTÊNCIA E AGONIA

O jornal que ousou contar a verdade

Por Luiz Cláudio Cunha em 24/11/2009

A maior fraude com dinheiro público da história do Rio Grande do Sul carrega nos ombros o sobrenome ilustre de Germano Rigotto. O irmão do ex-governador gaúcho, Lindomar, brilha como o principal implicado entre as 22 pessoas e 11 empresas denunciadas pelo Ministério Público e arroladas na CPI da Assembléia gaúcha que investigou há 14 anos uma milionária falcatrua na construção de 11 subestações da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE). Foi uma tungada, em valores corrigidos, de aproximadamente 800 milhões de reais – quase 15 vezes o valor do mensalão do governo Lula, três vezes o valor dos desvios atribuídos ao clã Maluf em São Paulo, cerca de 20 vezes o valor apurado no escândalo do Detran que expôs a governadora gaúcha Yeda Crusius a um pedido de impeachment.

Esta história foi contada em detalhes, em 2001, por um pequeno jornal de Porto Alegre, com tiragem de apenas cinco mil exemplares numa capital com quase 1,5 milhão de habitantes – e está recontada, a partir desta semana, numa edição extra do JÁ que chega às bancas e no seu site.

O JÁ é um bravo mensário que sobrevive há 24 anos pela teimosa resistência de seu editor, Elmar Bones da Costa, nascido há 65 anos em Santana do Livramento, cidade gaúcha no limite com o Uruguai, de onde ele trouxe a rebeldia indomável do fronteiriço. Ao longo de 40 anos de carreira, Bones construiu com talento uma sólida e reconhecida biografia na imprensa nacional que passa pelas redações de Veja, Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, O Estado de S.Paulo, IstoÉ e Folha da Manhã.

Seu troféu mais lustroso, porém, é o CooJornal, um mensário editado pela extinta Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (1976-1983) nos duros anos de chumbo da ditadura. Era um jornal de reflexão sobre a imprensa e seus profissionais, que abria espaço para a memória e a história recente do país, contada por intelectuais de peso e cores que não tinham lugar na imprensa tradicional. Em 1980, ainda em plena ditadura, Bones publicou um documento sigiloso do Exército em que os generais faziam uma dura autocrítica à atuação de suas tropas na repressão às guerrilhas do Vale da Ribeira e do Araguaia. Os militares não gostaram e ele, junto com três colegas do CooJornal, foi condenado a 18 meses de prisão. Gramou 15 dias de cadeia e foi libertado com sursis.

Duas mortes

A mesma intolerância dos generais da ditadura recrudesceu, depois, com os Rigotto da democracia. A família sentiu-se ultrajada pela primeira página da edição 287 de maio de 2001 do JÁ, que anunciava: "O Caso Rigotto – Um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas". Três meses depois, a matriarca da família, Julieta Vargas Rigotto, mãe de Lindomar e de Germano, entrou na Justiça com duas ações. Uma pelo Código Penal contra o jornalista que assina a reportagem, Elmar Bones, acusado de calúnia e difamação. Outra pela Lei de Imprensa contra a editora do JÁ, pedindo indenização por dano moral.

Nos dois anos seguintes, Bones ganhou todas as ações contra ele, em todas as instâncias, e o processo foi arquivado. Mas, em dezembro de 2003, a Vara Cível do Tribunal de Justiça condenou o JÁ ao pagamento de uma indenização que hoje alcança 54 mil reais, penhorando seus bens para cumprir a decisão. Desde agosto de 2009 um perito da Justiça vasculha mensalmente as conta do jornal para bloquear 20% de sua receita bruta. Assim, estranhamente, uma mesma reportagem gerou na Justiça duas sentenças díspares, contraditórias: uma absolvendo por unanimidade, outra condenando.

O pequeno mensário, que já teve 22 jornalistas e uma dezena de estagiários e colaboradores na Redação de uma ampla casa alugada no bairro do Bonfim, hoje está reduzido a Bones e sua companheira, Patrícia Marini, também jornalista, uma estagiária, uma secretária, dois computadores, um telefone e uma dezena de contas atrasadas, acuados em duas salas pequenas do antigo prédio na avenida Borges de Medeiros, no centro da cidade, onde funciona a Associação Riograndense de Imprensa (ARI), que até hoje não se manifestou sobre o caso Rigotto vs. JÁ. Assim, a ação de 54 mil reais de uma veneranda mãe que se diz injuriada está asfixiando, aos poucos, um destemido jornal nanico que ousou contar a verdade sobre uma quadrilha, identificada pela CPI e pelo Ministério Público, que roubou 800 milhões de reais do povo gaúcho. Dona Julieta Rigotto, aos 88 anos de vida, está matando um jornal alternativo que ainda não atingiu seus tenros 25 anos de existência. E tudo disso com o aval da Justiça.

A pequena editora de Bones, além das 396 edições do JÁ, publica uma revista mensal e quatro guias de bairro e ostenta 35 títulos de livros publicados. Ganhou oito prêmios ARI, o mais importante do Rio Grande do Sul, e em 2004, superando os grandes jornais e revistas do centro do país, faturou a categoria principal do maior prêmio do jornalismo brasileiro, o Esso, com "A tragédia de Felipe Klein" – um texto dramático, arrebatador do repórter Renan Antunes de Oliveira sobre a vida e morte de um jovem e atormentado suicida de Porto Alegre.

A reportagem de quatro páginas de 2001 que tanto incomodou os Rigotto é outra vencedora: conquistou o prêmio daquele ano da hoje silente ARI e o valioso Prêmio Esso Regional, carimbo de sua qualidade e relevância jornalística. A cirúrgica manchete do jornal – "O Caso Rigotto – Um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas" – expressava a mais pura verdade. O golpe era aquele destrinchado na CPI da CEEE.

Alta voltagem

A primeira morte era de uma garota de programa, Andréa Viviane Catarina, 24 anos, conhecida nas boates da capital como "Amanda". No fim da tarde de 29 de setembro de 1998, ela despencou, nua, do 14º andar do Solar Meridien, um prédio na rua Duque de Caxias, no centro de Porto Alegre, a duas quadras do palácio que Germano Rigotto ocuparia cinco anos mais tarde.

O dono do apartamento de onde caiu Andréa era o irmão do futuro governador, Lindomar Rigotto, que estava em casa na hora do incidente. À polícia ele contou que a garota tinha bebido uísque e ingerido cocaína. Os exames de laboratório não encontraram vestígios de álcool ou droga no sangue da jovem. A autópsia indicou que a vítima apresentava três lesões – duas nas costas, uma no rosto – sem ligação com a queda, indicando que ela estava ferida antes de cair. Três meses depois, Rigotto foi denunciado à Justiça por homicídio culposo e omissão de socorro. No relatório, o delegado Cláudio Barbedo cita o depoimento de uma testemunha descrevendo o réu como "usuário e traficante de cocaína".

A segunda morte, 142 dias depois, era a do próprio Lindomar Rigotto. Então dono da boate Ibiza, na praia de Atlântida, a casa mais badalada do litoral gaúcho, ele fechava o balanço do último baile do Carnaval de 1999, que animou sete mil foliões até o amanhecer daquela Quarta-Feira de Cinzas, 17 de fevereiro. Cinco homens armados irromperam ali, no momento em que Rigotto e seu gerente contavam a renda. Os ladrões botaram o dinheiro numa sacola e fugiram, cantando pneu. Rigotto saiu em perseguição no seu Gol branco e levou um tiro acima do olho. Morreu a caminho do hospital, aos 47 anos. A bala fatal acabou arquivando o processo pela morte da garota, mas reavivou o mistério em torno da fraude milionária da CEEE.

Afundada em dívidas de quase 1,8 bilhão de dólares, a estatal gaúcha de energia encontrava dificuldades para conseguir os 142 milhões de dólares necessários para as subestações que iriam gerar 500 mil quilowatts para 51 pequenas e médias cidades do Rio Grande. O então governador Pedro Simon, preocupado com a situação pré-falimentar da empresa, tinha ordenado austeridade total. Até que, em março de 1987, criou-se o cargo de "assistente da diretoria financeira" para acomodar Lindomar Rigotto. "Era um pleito político da base do PMDB em Caxias do Sul", confessou na CPI o secretário de Minas e Energia da época, Alcides Saldanha. O líder do governo Simon na Assembléia e chefe da base serrana era o deputado caxiense Germano Rigotto.

Treze pessoas ouvidas pela CPI apontaram Lindomar como "o verdadeiro gerente das negociações" com os dois consórcios, agilizando em apenas oito dias a burocracia que se arrastava havia meses. Os contratos nº 1.000 e nº 1.001 foram assinados em dezembro numa solenidade festiva no Palácio Piratini pelo governador e pelo secretário. Logo após a assinatura, pagamentos foram antecipados, contrariando as normas explícitas baixadas por Simon para vigiar de perto as contas da estatal.

Eram documentos de alta voltagem financeira de uma estatal quase falida. Tanto que a CEEE teve que recorrer três meses depois a um empréstimo de 50 milhões de dólares do Banco do Brasil, dinheiro captado por sua agência no paraíso fiscal de Nassau, nas ilhas Bahamas. Apesar da importância em dinheiro, o presidente da estatal, Osvaldo Baumgarten, e o secretário de Minas e Energia confessaram candidamente na CPI que não leram a papelada que assinaram. "Eu não tinha condições de ler todos os contratos firmados pela CEEE", defendeu-se Alcides Saldanha, mais tarde ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique Cardoso.

Uma investigação da área técnica da CEEE percebeu que havia problemas na papelada – documentos adulterados, folhas numeradas a lápis, licitação sem laudo técnico provando a necessidade da obra. Em fins de 1989, Rigotto decidiu sair para cuidar da "iniciativa privada", dividindo o controle com o irmão Julius do Ibiza Club, uma rede de quatro casas noturnas no Rio Grande e Santa Catarina. A sindicância interna na CEEE recomendou a revisão dos contratos, mas nada foi feito.

Conluio e papelão

A recomendação chegou ao governo seguinte, o de Alceu Collares (PDT) e à sucessora de Saldanha na secretaria de Minas e Energia, chamada Dilma Rousseff. Ela ficou eletrificada com o que leu: "Eu nunca tinha visto nada igual", diria Dilma, pouco depois de botar o dedo na tomada e pedir uma nova investigação. Ela não falou mais no assunto porque, em nome da santa governabilidade, o PDT de Collares precisava dos votos do PMDB de Rigotto para aprovar seus pleitos na Assembléia. Mesmo assim, antes de deixar a secretaria, em dezembro de 1994, Dilma Rousseff teve o cuidado de encaminhar o resultado da sindicância para a Contadoria e Auditoria Geral do Estado (CAGE), que passou a rastrear as fagulhas da CEEE com auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Ministério Público.

O tamanho apurado da fraude tinha níveis de tensão diferentes em reais ou dólares, mas dava o mesmo choque: 65 milhões de dólares segundo a CAGE, ou 78,9 milhões de reais de acordo com o Ministério Público.

O deputado Vieira da Cunha, hoje líder da bancada do PDT na Câmara Federal, propôs em 1995 a CPI que jogaria mais luzes sobre a fraude na CEEE. Vinte e cinco auditores quebraram sigilos bancários, fiscais e patrimoniais dos envolvidos. Em 13 depoimentos, Lindomar Rigotto foi apontado como a figura central do esquema, acusação reforçada pelo chefe dele na CEEE, o diretor-financeiro Silvino Marcon. A CPI constatou que os vencedores, gerenciados por Rigotto, apresentaram propostas "em combinação e, talvez, até ao mesmo tempo e pelas mesmas pessoas". Os dois consórcios apresentaram propostas para dois subconjuntos, B1 e B2.

O JÁ de Elmar Bones lembrou:

"Apurados os vencedores, constatou-se que o consórcio Sulino venceu todas as subestações do grupo B2 e nenhuma do B1. Em compensação, o Conesul venceu todas as obras do B1 e nenhum do B2. A diferença entre as propostas dos dois consórcios é de apenas 1,4%".

A CPI foi ainda mais chocante:

"É forçoso concluir pela existência de conluio entre as empresas interessadas que, se organizando através de consórcios, acertaram a divisão das obras entre si, fraudando dessa forma a licitação".

A quebra de sigilo bancário de Rigotto revelou em sua conta um crédito de 1,170 milhão de reais, de fonte não esclarecida. O diretor Silvino Marcon justificou à CPI os 156 mil reais encontrados em sua conta particular como sendo "sobras da campanha de 1986".

O relatório final da CPI caiu nas mãos de outro caxiense, que não poupou ninguém, apesar do parentesco. O petista Pepe Vargas, que foi prefeito de Caxias e hoje é deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, é primo de Lindomar e Germano Vargas Rigotto. "De tudo o que se apurou, tem-se como comprovada a prática de corrupção passiva e enriquecimento ilícito de Lindomar Vargas Rigotto", escreveu o primo Pepe no relatório final.

Pela primeira vez, entre as 139 CPIs criadas no estado do Rio Grande do Sul desde 1947, eram apontados os corruptos e os corruptores. Além de Lindomar Rigotto e outras 12 pessoas, a Assembléia Legislativa gaúcha aprovou o indiciamento pela CPI de 11 empresas, sem poupar nomes poderosos como os da Alstom, Camargo Corrêa, Brown Boveri, Coemsa, Sultepa e Lorenzetti. As 260 caixas de papelão da CPI foram remetidas no final de 1996 ao Ministério Público, transformando-se no processo n° 011960058232 da 2ª Vara Cível da Fazenda Pública em Porto Alegre. Os autos somam 30 volumes e 80 anexos e envolvem 41 réus – 12 empresas e 29 pessoas físicas. E tudo isso corre em segredo de Justiça.

Coisa de mãe

Essa história incrível, contada sem peias pelo jornal nanico de Elmar Bones, parece também um segredo de imprensa. Nenhum dos grandes veículos de comunicação do Rio Grande do Sul recontou o caso, o mais vultoso entre os 200 processos abertos pelo Ministério Público nos últimos 15 anos. Menos atenção ainda provocaram as duras reações judiciais da família Rigotto, que podem matar o único jornal que se atreveu a jogar luz sobre a milionária treva financeira que se abateu sobre a CEEE.

O ex-governador Germano Rigotto costuma apregoar aos amigos suas boas relações com os dois maiores grupos de mídia do Rio Grande – a Caldas Júnior (jornal Correio do Povo, rádio Guaíba e Rede Record) e a RBS (jornal Zero Hora, rádio Gaúcha e rede RBS, retransmissora da Globo). Isso não impediu, porém, que a brava Julieta Vargas Rigotto processasse a TV-COM, o canal comunitário da RBS, por ter classificado a morte do filho Lindomar na praia como "queima de arquivo". Ela ganhou na Justiça, em 2003, o direito de receber 150 salários mínimos, com juros, pela ofensa que remetia o fim violento do filho à morte da garota e aos curtos-circuitos contábeis da CEEE.

Quando perguntado diretamente sobre o absurdo dessa situação, o ex-governador Germano Rigotto refugia-se na saia materna: "Não tenho nada a ver com isso. É coisa da minha mãe", manda dizer o irmão do réu central da maior fraude da história gaúcha, escapulindo da responsabilidade de um caso de marcantes implicações políticas, não filiais.

Diante da primeira ação de dona Julieta na Justiça, o promotor Ubaldo Alexandre Licks Flores rebateu o pedido de processo, em novembro de 2002:

"[não houve] qualquer intenção de ofensa à honra do falecido Lindomar Rigotto. Por outro lado é indiscutível que os três temas [a CEEE e as duas mortes] estavam e ainda estão impregnados de interesse público".

Duas semanas depois, a juíza Isabel de Borba Luca, da 9ª Vara Criminal de Porto Alegre, deu a sentença que absolvia Bones:

"(...) analisando os três tópicos da reportagem conclui-se pela inexistência de dolo (...) em nenhum momento tem por intenção ofender (...) não se afastou da linha narrativa (...) teve por finalidade o interesse público".

Em agosto do ano seguinte, por unanimidade dos sete votos, os desembargadores do Tribunal de Justiça negaram o recurso da bravíssima dona Julieta. E o caso foi encerrado na área criminal.

Andou e prosperou, porém, na área cível. Em dezembro de 2003, o relatório do desembargador Luiz Ary Vessini de Lima transbordava emoção:

"Não há como afastar a responsabilidade da ré pelas matérias veiculadas, que atingiram negativamente a memória do falecido, o que certamente causou tristeza, angústia e sofrimento à mãe do mesmo (...)".

E assim acabou condenado o JÁ e seu editor, que recorda ao Observatório da Imprensa a falta de simetria do processo atual e da cadeia que levou pela publicação de documentos da repressão antiguerrilha.

Fala Elmar Bones:

"A sentença que nos condenou, agora, é uma piada. O processo de 1980 era um absurdo só explicável num regime ditatorial. Os ditos `documentos sigilosos´ eram relatórios de campo sobre ações do Exército no combate à guerrilha, narrando fatos ocorridos já havia mais de dez anos e que só tinham importância porque, na época em que se deram, a censura não permitiu que fossem noticiados. Essa ação de agora é mais absurdo ainda porque estamos em pleno regime democrático e a Justiça não conseguiu apontar nenhum erro ou inverdade na reportagem sobre o assassinato de Lindomar Rigotto. Nosso objetivo com ela era mostrar que Lindomar, assassinado em circunstâncias duvidosas, era o principal implicado em dois outros crimes não esclarecidos – a morte de uma prostituta e o desfalque na CEEE, o maior já ocorrido no Sul e que está encoberto pelo segredo de Justiça. Há 14 anos foram apontados os corruptores e os corruptos e até agora ninguém foi punido. Só o JÁ está pagando o pato."

Voltar ou morrer

Na terça-feira (24/11) em que se divulga a edição nº 565 deste Observatório completam-se 116 dias de censura sobre o jornal O Estado de S.Paulo, impedido por decisão de um juiz amigo e camarada do senador José Sarney de publicar os dados oficiais da "Operação Boi Barrica", da Polícia Federal, que investigou seu filho, o empresário Fernando Sarney, flagrado em grampos telefônicos e conversas que induzem ao tráfico de influência no setor público. "Não tenho nada a ver com isso. É coisa do meu filho", diz o presidente do Senado Federal.

Na mesma terça-feira completam-se 112 dias que um perito da Justiça devassa, lá dentro da Redação, as contas do jornal JÁ para garantir a indenização de dona Julieta Rigotto, que se diz caluniada pela mera repetição de detalhes escabrosos na gestão do dinheiro público de uma estatal gaúcha, sob responsabilidade de seu finado filho, Lindomar, revelados numa CPI e acolhidos pelo Ministério Público. "Não tenho nada a ver com isso. É coisa da minha mãe", diz o ex-governador Germano Rigotto, virtual candidato do PMDB ao Senado em 2010.

Assim, sujeitos ocultos de ações legais de mães e filhos que ferem a liberdade de expressão e afrontam a verdade, o ex-governador Rigotto e o senador Sarney imaginam furtar-se de suas responsabilidades políticas e éticas. No caso do Estadão, rijo e forte aos 134 anos de vida, não se teme por sua saúde e sobrevivência, já que tem os meios para derrubar, cedo ou tarde, a restrição absurda que se abate sobre ele. Quanto ao JÁ, jornal nanico de Porto Alegre, o caso inspira cuidados e graves temores sobre suas reais chances de sobrevida. O único alento, até agora, é o fato de que o recurso do JÁ ao Supremo Tribunal Federal caiu nas mãos do implacável ministro Joaquim Barbosa, um juiz que dá esperança e fôlego até aos moribundos desenganados pela ciência e pela lei dos homens.

Elmar Bones revela seu desalento no título do editorial ("Voltaremos. Ou não?") da edição extra do JÁ que desembarca esta semana nas bancas com a foto de um mascarado de terno e gravata e uma manchete acabrunhante na primeira página: "O RIO GRANDE CORRUPTO. Escândalos sucessivos abalam o mito do `Estado mais politizado do Brasil´".

Bones adverte no editorial de tom sombrio:

"Pela primeira vez em quase 25 anos, não podemos garantir aos leitores que o jornal JÁ voltará a circular. (...) Um pequeno jornal condenado por `dano moral´ numa ação movida pela família de um político influente, ex-governador do Estado, num mercado em que as maiores agências de publicidade têm contas do governo. (...) Quanto perdemos no mercado publicitário? (...) Voltaremos! Ou não?"

Ninguém sabe ainda responder. Se o JÁ não voltar, não será mais um jornal a morrer, diante do silêncio inexplicável de alguns, da omissão de muitos, da complacência de todos nós. A morte iminente de um jornal como o JÁ – somado ao desalento de um jornalista como Elmar Bones – é um fundo golpe nas convicções de todos que acreditam nos fundamentos da democracia, da justiça, da verdade e de uma imprensa livre. A limpa folha corrida do jornal de Porto Alegre e a digna biografia de resistência de seu editor não merecem ser comparados com o prontuário de alguns dos homens públicos que hoje nos representam, julgam e governam.

Em qualquer país sério do mundo, o clamor da sociedade se levantaria já, agora, imediatamente, em defesa de um pequeno jornal, punido apenas por ser correto, preciso, exemplar e corajoso. A inacreditável saga de resistência de Elmar Bones, que precisa fazer agora na democracia o que antes fazia na ditadura, mostra que perdemos algo intangível, irremediável neste rito de passagem. Perdemos a vergonha na cara.

Precisamos decidir se morreremos juntos com o JÁ. Ou se voltaremos com ele. Agora. Já.

Fonte: Observatório da Imprensa

Flagrantes da vida real


Recebi, ontem, de um advogado amigo, nosso leitor:

Hoje vivi um momento ímpar.

Lembro bem, que há anos, lá em Passo Fundo, quando andava de bicicleta aos domingos via sempre os piás vendedores de jornal. Eles gritavam nas esquinas as manchetes, para atrair os seus leitores. Eram coisas do tipo “Presidente Figueiredo não virá a Expointer” ou “Falcão é dúvida para o Gre-Nal”...


Algum tempo depois, notei que a estratégia de venda era outra. Passaram simplesmente a gritar o nome do jornal: “Olha a Folha”, “Zéééééroooo!”, e assim ia.


Pois hoje, parado em uma sinaleira da avenida Ipiranga, aproximou-se de mim uma jovem uniformizada e portando um exemplar de "O Sul" e, pegando-me de vidro abaixado, disse:

- Moço, compra um pra me ajudar...

Pensei que a mídia jornal estava morrendo, hoje vi que já está morta. Vender jornal é o mesmo que esmolar. Refestelo-me nesse velório.


Inês é morta!

Abraço,


Rodrigo Foscarin Pedroso



Fonte: Diário Gauche

23.11.09

MP Federal discute prática de monopólio pela RBS



Do site do Ministério Público Federal:

A prática de monopólio nas concessões de rádio e televisão por parte da Rede Brasil Sul de Comunicação (Grupo RBS), no Rio Grande do Sul, é tema de audiência pública que será promovida pelo Ministério Público Federal (MPF) em Canoas, na próxima quarta-feira (25). Convocada pelo procurador da República no município Pedro Antônio Roso, a audiência atende a um pedido de providências formulado pelo Conselho Regional de Radiodifusão Comunitária (CONRAD).

A entidade alega que a legislação federal em vigor limita cada proprietário a ter, no máximo, dois canais de televisão por estado. A audiência deverá debater, ainda, o descompasso entre os sistemas privado e público estatal, quanto ao uso do espectro magnético como bem social e ambiental. A distribuição, de acordo com a representação do CONRAD, é dominada pelo setor empresarial em 95%, causando desequilíbrio na distribuição das verbas publicitárias, bem como na democratização ao acesso à informação.

A audiência pública vai ocorrer na próxima quarta-feira, dia 25 de novembro de 2009, a partir das 14 horas, no auditório da Câmara de Vereadores de Canoas, na Rua Ipiranga, 123, Centro. Foram chamados a comparecer ao evento a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), o Ministério das Comunicações, o presidente do Grupo RBS, e demais interessados.

Fonte: RSurgente

Mutirão antimídia

Para fazer uma crítica bem feita, satisfatória, dos jornalões brasileiros, seria preciso o trabalho de um equipe de umas seis ou sete pessoas, trabalhando de oito a dez horas por dia. Eu pensei isso hoje porque cheguei ontem de uma viagem de dois dias ao sítio de meu irmão, numa área rural bastante isolada de Rio Bonito, e resolvi ler os jornais de sábado e domingo. Ainda bem que não comprei o Globo. Fiquei só na Folha, e mesmo assim minha mente quase entupiu de tantos exemplos de manipulação.

É uma situação estranha, irônica. Os jornais, hoje em dia, tornaram-se uma fonte de tanta desinformação e falsidades, que, para lê-los, temos que estar munidos de uma enorme bagagem de dados, informações, análises, de forma a poder "interpretar" objetivamente as matérias escritas, ou seja, depurá-las dos elementos tóxicos. O cidadão que lê um jornal impunemente, sem tomar as medidas cautelares necessárias, acaba se tornando um autêntico imbecil, cheio de opiniões alheias, embasadas em pilares tão sólidos quanto papel jornal.

Não tem jeito. A mídia, definitivamente, se tornou uma pedra no caminho para a democracia e para a paz mundial. O que é uma grande ironia. Evidentemente, o mundo livre e democrático precisa de uma mídia livre. Também é evidente que os cartéis midiáticos que assumiram a comunicação de massa no mundo se pretendam representantes exclusivos da "liberdade de imprensa", e isso enquanto escravizam jornalistas, desestabilizam governos, beneficiam interesses escusos, fazem campanhas de guerra, e manipulam desgraças.

A crise financeira mundial é um exemplo. Eu não consegui engolir ainda que os governos do mundo inteiro alocaram trilhões de dólares para salvar bancos privados. Ou seja, para que os filhinhos-de-papai possam continuar fazendo windsurf na Indonésia. Com esse dinheiro, o mundo poderia transformar a África com grandes obras de infra-estrutura, programas sociais e educação, tornando o continente negro num mercado gigantesco que, por sua vez, serviria para alavancar o crescimento do próprio mundo desenvolvido. Seria o Plano Marshall aplicado à Africa. O Plano Marshall, para quem não sabe, foi uma ajuda econômica dos Estados Unidos à Europa, aplicada em 1947, visando a reconstrução econômica de países que ainda secavam as feridas de guerra. A contribuição norte-americana equivaleu, em termos atualizados, a 130 bilhões de dólares, e o plano obteve resultados estupendos. Após os quatro anos durante os quais o plano foi implementado, a Europa voltou a crescer vigorosamente. E os EUA ganharam com isso, por causa das intensas relações comerciais e culturais que, a partir da ali, ganharam ainda mais força.

Por que não fizeram isso com a África? Por que os EUA não fazem isso com a devastada América Central?

A resposta, naturalmente, é política. E daí voltamos à mídia, esse Leviatã que olha governos e povos de cima para baixo. O linguista Noam Chomsky explica que não se trata de encontrar figuras diabólicas articulando planos macabros em salas de redação. É um processo natural, como uma doença. Poder gera poder e a mídia, amparada por Constituições escritas há séculos (para não dizer milênios), quando não existia comunicação de massa, conseguiu se tornar um tumor maligno que ameaça a própria existência da democracia, sobretudo em regiões com instituições democráticas ainda frágeis, como é o caso da América Latina.

É importante, claro, que exista mídia independente no mundo, mas é preciso, antes disso, que se criem leis para trazer justiça e civilidade ao universo midiático. Especialistas em saúde pública vem fazendo severas denúncias sobre os incalculáveis prejuízos que a desinformação causa aos governos e à população, por conta da irresponsabilidade das pautas midiáticas ligadas ao tema.

O caso da febre amarela no Brasil, em que mais gente morreu em virtude do pânico gerado pela mídia do que vitimadas pelo vírus, foi apenas o caso mais emblemático e que chamou mais atenção. Na época, porém, diversos médicos disseram que o problema se repete em larga escala. Esse é um problema, repito, mundial, e a humanidade, um dia, terá que realizar uma grande conferência internacional para legislar sobre a mídia. Já era tempo disso, aliás. Em vez de doar trilhões para banqueiros, o mundo poderia montar um grande sistema de tvs abertas, por satélite, para integrar as diferentes culturas mundiais. Seria lucrativo para todo mundo.

Não é o caso de termos uma mídia dominada pelo Estado. Ao contrário, a mídia hoje é absurdamente dependente do Estado, e não é por outra razão que ela tanto luta para assumir o controle do mesmo.

O aspecto mais vergonhoso dessa situação, todavia, é a dependência do Estado em relação mídia. E o Estado democrático é o povo institucionalizado. Intelectuais midiáticos vivem falando em democracia, mas mantém o debate sempre em nível rasteiro. Não lhes interessa criar um vínculo mais estreito entre a cidadania e a política, e por isso eles tratam, de todas as formas, de afastar o cidadão do universo político, seja pintando as instituições com cores dantescas, seja através de uma criminalização da atividade política, que é o que eles fazem com a militância partidária e com o sindicalismo.

Em resumo, a situação é a seguinte: nós, brasileiros, cidadãos de uma nação livre e democrática, entregamos nosso futuro, nossa cultura, nossa saúde, à meia dúzia de nababos cujas empresas ajudaram a articular o golpe de Estado em 1964 e, depois, a consolidá-lo por vinte longos tristes anos. Isso é um absurdo. Liberdade é liberdade. Podemos mexer nas leis da comunicação no Brasil ao nosso bel prazer, desde que o assunto seja discutido democraticamente e o objetivo seja o bem geral da nação. Quer dizer, os povos têm inclusive o direito de cometer erros. O importante é haver liberdade. A mídia latino-americana vende a ideologia de que os povos não tem liberdade para mudar suas leis, de que isso seria um "bolivarianismo" e não a própria essência da democracia, que é a liberdade para mudar ou não mudar, mas sobretudo a liberdade, conferida pelo voto popular, para que os representantes eleitos realizem os ajustes necessários na Carta Magna. Como um amigo gosta de dizer, a Carta Magna não é uma pedra onde estão escritos dos 10 Mandamentos. A Constituição é um pacto entre os cidadãos livres e soberanos de seu país.

O que não pode é dar golpe de Estado, como fizeram em Honduras. Esse é o crime capital contra a democracia, porque viola o seu princípio basilar. O poder emana do povo. Acabou. Se eles conseguirem tirar isso da Constituição (e é o que eles querem), então podem piar. Por enquanto, quem manda é o texto escrito e aprovado pelo Congresso Nacional em 1988.

Não são firulas ou chicanas jurídicas que podem justificar isso. Eu posso castigar levemente o meu filho, mas não estourar a sua cabeça com um tiro de revólver. Foi o que fizeram em Honduras. É bem sintomático que nossa mídia tenha simpatizado com o que foi feito lá. O golpe em Honduras também foi um golpe midiático, porque foi todo articulado em torno dos principais grupos de comunicação do país. A mesma coisa aconteceu na Venezuela em 2002. A mesma coisa aconteceu no Brasil em 1964! Muitas reuniões políticas preparatórias para o golpe militar no Brasil ocorreram em salas de redação.

A imprensa não precisa ser "apartidária", conforme a Folha agora se pretende, em mais um acesso de autismo e hipocrisia. Não precisa também ser uma "mosca" em nossa sopa, como o mesmo jornal se qualificou, em peças publicitárias que mais pareciam uma campanha de auto-desmoralização. A imprensa precisa, isso sim, assumir a sua responsabilidade como uma instituição central numa democracia, um quarto poder, e como tal sujeita aos rigores de uma Constituição democrática e livre!

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Em dezembro, acontecerá a Conferência Nacional de Comunicação. A importância desse evento, que a imprensa procurará de todas as formas desqualificar, já é visível: o debate propiciado sobre um tema fundamental. O governo já liberou mais de 200 milhões de reais para a sua realização, e já aconteceram, em todo país, conferências estaduais de comunicação. O blog vem acompanhando o evento através da internet. Se alguém me convidar, estarei lá em Brasília, representando a blogosfera, essa nova instituição, tão curiosa, tão diferente do formato monstruoso e unicelular da grande mídia. A blogosfera tornou-se (ou vem se tornando) tão grande como outras grandes mídias, mas não tem uma cabeça só. É um monstro com milhões de cabeças. Sobre a Conferência, sugiro que assistam a esse vídeo, da Conferência da Bahia, que teve a participação do governador do estado, Jacques Wagner.

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A imprensa é nociva porque ela começa informando mal as próprias autoridades. Juízes, parlamentares, governadores, prefeitos, são mal informados sobre pontos centrais de sua atividade, porque se apresentam números falsos, interpretações equivocadas, entrevistam-se analistas incompetentes e parciais, e a opinião dos leitores é recortada de forma tendenciosa.

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O caso de Honduras para mim serviu como a pá de terra que faltava para enterrar de vez a reputação democrática da imprensa brasileira. Neste sábado (21/nov/09), a Folha publicou um editorial cínico, defendendo as posições mais conservadoras do Estados Unidos, em oposição ao que pensa todo o resto do mundo. A única saída, defende a Folha, é aceitar o resultado das eleições. Mesmo sem Zelaya ter sido restituído. O jornal fala em eleições livres e competitivas. Como se houvesse liberdade num regime ditatorial onde o presidente da república, eleito pelo voto popular, é forçado a pedir refúgio numa embaixada estrangeira. A ditadura hondurenha não permite que Zelaya tenha acesso aos meios de comunicação do país, bloqueando o debate eleitoral. O que Zelaya fez? Ele é algum terrorista? É algum bandidão perigoso? Ele foi deposto porque queria incluir uma pergunta na cédula eleitoral:

- Você acha que Honduras precisa de uma assembléia constituinte?

Era uma pergunta ao povo! Nem tocava no tema da reeleição, outro ponto ridiculamente explorado pelos golpistas de lá e daqui. Sendo que o grau de hipocrisia, por aqui, atingiu as raias da loucura, visto que tivemos um presidente da república que, com apoio de toda a grande imprensa, mudou as regras eleitorais para si mesmo - e sem consultar o povo.

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Em seu editorial, a Folha desinforma, porque, quando fala em eleições livres e competitivas, omite o que seus próprios repórteres informaram: o fechamento de jornais, rádios e canais de tv favoráveis a Zelaya; toque de recolher; proibição de reunião; e o mais importante, o cerco e agressão sistemática ao líder político mais importante do país. Zelaya não concorre à eleição. Não concorria antes, nem concorre agora. Quantos colunistas não escreveram, muitas vezes, en passant, como que dando isso por verdade consensual (o que é mais irritante), sobre a vontade de Zelaya de se reeleger? No entanto, mesmo não concorrendo, ele é um quadro político fundamental no jogo de poder democrático do país. Ao silenciá-lo, vetando-lhe o acesso aos meios de comunicação mais importantes (que em Honduras também são uma concessão pública, e como tal vem sendo usados sistematicamente por Micheletti e asseclas, que a todo momento aparecem na TV fazendo pronunciamentos), a ditadura hondurenha não permite uma eleição livre. Era como se, nas eleições do Brasil em 2010, um governo golpista impedisse Lula de aparecer em qualquer grande canal ou jornal, para falar de política e pedir votos para este ou aquela candidata.

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Outra coisa que a Folha procura esconder é o fiasco da interferência americana na crise em Honduras. A mídia tentou interpretar (açodadamente, agora se vê) a ação diplomática americana como uma prova da insignificância do Brasil. Bajularam os EUA de uma forma vergonhosa, e humilhante para nós brasileiros. E agora querem forçar goela abaixo da opinião pública brasileira uma solução desesperada, resignada, derrotista, de aceitar um pleito eleitoral ilegítimo, defendido apenas pelos setores mais reacionários do governo Obama. Aliás, quem acompanha um pouco o processo político norte-americano sabe que Obama está sendo terrivelmente chantageado, atacado, caluniado por numerosas, endinheiradas e ultra-agressivas hordes reacionárias. Isso explica, mas também não legitima o que Obama está fazendo em Honduras. Ele está sendo pusilânime. Pô, ele foi chamado de "negrinho que não sabe nada", por um ministro do governo golpista! Eu esperava que ele fosse mais duro. Por outro lado, entendo que a administração do Estado americano envolve um corpo de funcionários tão gigantesco, que é difícil para Obama controlar tudo em pouco tempo. É necessário mais alguns anos para que as novas orientações ideológicas da Casa Branca percorram as artérias de todos os órgãos governamentais. Ainda mais depois de tantos anos de Reagan e Bush.

Fonte: Óleo do Diabo

O negócio é adular


Publicidade quer pegar carona na popularidade do presidente Lula

O jornal serrista, Folha de S. Paulo, de hoje, chama a atenção para um fenômeno recente da publicidade brasileira, a exaltação do governo federal, tentando pegar carona na popularidade do presidente Lula. Vejam:

Empresas aproveitam a popularidade do presidente Lula e o momento econômico favorável para fazer do governo seu garoto-propaganda.

Ambev, GM, Bradesco, Vale e Embratel produziram comerciais de televisão recentes enaltecendo a firmeza do país na crise, a capacidade de superação dos brasileiros, a harmonia entre o público e o privado e a relevância do país no mundo.

O Brasil é o país "da iniciativa privada em equilíbrio com o setor público", diz a campanha televisiva "Presença", do Bradesco, segundo maior banco privado brasileiro.

"Há dez anos, quem poderia imaginar a gente emprestando dinheiro para o FMI?", lembra o anúncio televisivo do carro Aprile, da Chevrolet/GM.

"A crise foi passageira", avisa comercial da maior siderúrgica do mundo, a Vale. "O Brasil vive um momento de ouro", exalta o comercial da Brahma, marca da Ambev. [...]

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A matéria da Folha esqueceu de apontar a adulação feita semana passada pelo jornal Zero Hora, do grupo RBS de Porto Alegre (ver fac-símile acima, publicado na página 45 da edição de 19/11/2009, quinta-feira última).

Durante a ditadura civil-militar - de 1964 a 1985 - o exercício da adulação ao regime por parte da publicidade das empresas privadas foi prática corrente. Em especial durante o governo Médici (1969-1974), quando o país atingiu taxas de crescimento econômico expressivas e houve forte investimento estatal. Paradoxalmente, foi o período de maior repressão dos governos ditatoriais originados do golpe de 1964.



Fonte: Diário Gauche

YEDA CONDECORA COLUNISTA DE JORNALIXO


















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O cidadão Francisco Paulo Sant'Ana, vulgo Paulo Sant'Ana, colunista do tabloide Zero Hora e comentarista da RBS TV (afiliada da Globo), acaba de ingressar no panteão da glória. Graças a um decreto publicado sexta-feira no Diário Oficial do RS, assinado pela ex-governadora em exercício Yeda Crusius, o funcionário da famiglia Sirotsky cravou em seu peito varonil a expressiva "Medalha de Serviços Distintos da Brigada Militar". O édito governamental, no entanto, não informou a que "serviços distintos" refere-se o galardão. Em passado recente, Sant'Ana tornou público um tipo de "serviço" - distintíssimo - que costuma prestar: o de confidente epistolar da mandatária - trabalho que, aparentemente, nada tem a ver com as atividades da valorosa corporação policial-militar gaúcha.
Na mesma leva de personalidades civis agraciadas pela tucana encontramos ninguém menos que Ricardo Luís Lied, chefe-de-gabinete de Yeda. Pessoa da maior seriedade, como podemos constatar aqui, Lied foi denunciado, recentemente, por violação do sigilo funcional e tráfico de influência, dentro do Palácio Piratini. Suspeita-se que a insígnia honorífica conquistada por Lied deva-se aos "serviços distintos" que prestou ao Denarc, na calada de certa noite do último julho.


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A sessão Zé das Medalhas de Yeda Crusius, porém, foi mais adiante. No mesmo dia, no mesmo Diário Oficial, a tucana concedeu outra honraria do gênero a mais alguns heróis da pátria, desta vez por "Serviços Relevantes à Ordem Pública".
Um dos contemplados por este apanágio foi a múmia de estimação do tabloide Zero Hora, o pensionista Paulo Brossard. Ex-senador e ministro aposentado do STF, o taura tem ocupado seu tempo escrevendo libelos sem pé nem cabeça, com o único propósito de esculhambar o Governo Lula.
Outro que entrou para o rol dos magnânimos medalhados foi um certo Carlos Rivaci Sperotto. Presidente da Farsul, entidade dos fazendeiros do Rio Grande do Sul, e notório defensor dos transgênicos e da Monsanto, em anos recentes ele respondeu processo por homicídio, por causa do assassinato a tiros de seu vizinho, também proprietário de terras, em um litígio de cerca. Sperotto está mal na foto também no TCU, por desviar alguns milhões de reais do SENAR - Serviço de Aprendizagem Rural - entidade ligada à Farsul, destinada à formação de mão-de-obra no meio rural.



Fonte: Cloaca News

RBS - CORPORAÇÃO DO LIXO PUBLICA ANÚNCIO ANALFABETO
























O anúncio de página inteira, em quatro cores, publicado pelo Grupo RBS na edição de hoje de seu jornalixo Zero Hora deveria dar cadeia a quem o aprovou. Além do descarado cinismo do reclame, já denunciado pelo implacável Diário Gauche, a peça publicitária da corporação sirotskyana legitima um verdadeiro estupro à regência verbal. Já não bastasse o vergonhoso padrão "aterro sanitário" de seu jornalismo vendido, comprovável diariamente em variadas formas de emissão, a Rede Brasil Sul de Comunicação ocupa preciosa área de seu tabloide xexelento para perpetrar um obsceno ato de violência preposicional, conforme o fac-símile acima.
Estamos diante de um seriíssimo problema de relacionamento sintático para o qual, suspeitamos, não exista tratamento eficaz. Esta, pelo menos, é a tese em que este Cloaca News sempre acreditou.

Fonte: Cloaca News

21.11.09

Ideologia, sensatez e conteúdos indisponíveis

A jornalista Vera Spolidoro, assessora de comunicação do ministro da Justiça, Tarso Genro, encaminhou nota hoje para o jornal Zero Hora e para a colunista Dora Kramer (do Estado de São Paulo), que voltaram a apresentar como verdadeiro um fato desmentido pelos protagonistas envolvidos: o da suposta expulsão de cubanos do Brasil por ocasião dos Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro. Em um editorial intitulado, “Mais sensatez, menos ideologia”, ZH defende a extradição de Cesare Battisti e relaciona-o ao episódio dos cubanos: “Na ocasião, também sem uma apreciação mais cuidadosa, o governo brasileiro optou pelo viés ideológico e entregou os desertores às lideranças cubanas”, diz ZH.

Vera Spolidoro escreve:

Como colega, mesmo conhecendo os mecanismos da nossa profissão, fico impressionada pelo fato de uma informação se tornar verdade, de tão repetida, ainda que não seja verdadeira. Assim, peço tua paciência para a leitura do que segue:

1. Durante o Pan, cinco atletas pediram refúgio ao Brasil. Estão vivendo aqui, até hoje, o ciclista Michel Fernandez Garcia; o jogador de handebol Rafael Capote; e o treinador de ginástica artística Lazaro Raynel Lamelas Ramirez.

2. Os outros dois atletas, os boxeadores Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara, inicialmente quiseram ficar, para depois ir para a Alemanha. Eles tinham um contato com empresário que prometera levá-los para lá. Deixaram a delegação cubana, foram para um hotel numa praia do Rio e esperaram. O empresário não apareceu. Pediram a um pescador que fizesse contato com a polícia, pois estavam sem dinheiro e sem saber o que fazer. Foram ouvidos pela Polícia Federal, na presença de um procurador da República, Leonardo Luiz Figueiredo Costa, e do conselheiro da OAB-RJ, Cláudio Pereira de Souza Neto. A todos, declararam que queriam voltar para Cuba, e assim foi feito. Não pediram refúgio, ao contrário de seus outros três colegas.

3. Em março deste ano, Lara deu entrevista ao Esporte Espetacular da TV Globo. Confirmou que quis voltar a Cuba, ele e Rigondeaux, já que os planos de ir para a Alemanha naquela ocasião do Pan não tinham dado certo. De Cuba, Lara acabou indo para o México, depois para a Alemanha e atualmente vive em Miami.

4. Há no Brasil 124 cubanos refugiados. O refúgio mais recente foi dado a um grupo de músicos, no final do ano passado, que vieram para um festival e hoje vivem em Recife.

Portanto, o ministro Tarso não teria motivos para negar refúgio aos dois boxeadores, visto que o concedeu a outros três atletas, no mesmo período, o dos Jogos Pan-americanos do Rio. E mais recentemente, ao grupo de músicos.

O vídeo da entrevista concedida dia 1° de março de 2009, ao Esporte Espetacular, foi removido do arquivo do programa. “Conteúdo indisponível”, informa a página de vídeos do programa.

O editorial de ZH repete o procedimento argumentativo tacanho que lhe é habitual: apresenta-se como porta-voz do bom senso e atribuiu ao outro a pecha de “ideológico”. O texto de Umberto Eco sobre o fascismo (ver post abaixo) tem um bom nome para esse tipo de prática.

Mais sobre o assunto:

Lancenet: Pugilista cubano: Quisemos voltar para Cuba

Observatório da Imprensa: A mentira durou mais de um ano



Fonte: RSurgente