15.9.08

Efeito colateral

Enquete mais recente do Datafolha diz que 64% da população brasileira considera o governo de Lula ótimo ou bom. Pode não parecer, mas isso ajuda a explicar também por que governadoras e deputados federais e estaduais personagens de um enredo real de corrupção, desvio de dinheiro público e auto-favorecimento, não são destituídos de seus cargos por pressão popular.

Estabilidade nacional acalma o povo e ajuda políticos corruptos no Rio Grande do Sul

Lula não é mais o presidente dos pobres. Houve um salto de 14 % entre os brasileiros mais ricos. Hoje, 57% dos que vivem em famílias que ganham mais R$ 4 mil por mês adoram seu governo.

Luis Inácio também conquistou pela primeira vez a maioria no Sudeste: 57% o aprovam, 10 pontos acima da última pesquisa. Em pesquisas de anos anteriores o petista também só tinha a maioria ao seu lado em municípios do interior. Agora, 57% dos moradores das regiões metropolitanas o aprovam.

A administração de Lula também venceu a barreira entre os mais escolarizados. Em março, 47% dos brasileiros com curso superior consideravam o governo ótimo/bom. Agora, são 55%.

Essa semana também foi registrado o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 6% no primeiro semestre do ano. Resultado imediato da significativa participação do consumo das famílias brasileiras, que cresceu 6,7% resultado do aumento da renda.

A aparente estabilidade social e econômica produzida pelo Governo Lula até o momento, a parte às inúmeras críticas pelas concessões à direita que tem feito. Tudo isso em nome de uma excessiva tolerância à continuidade de notórios filhos da puta da política nacional no poder. Claro que tem o aumento da geração de empregos e a quase onipresença do poder público federal, diretamente ou através da ação de suas estatais que abraçou um grande cotingente há muito sem esperanças, incrementou as possibilidades da classe média, que já pode comprar uma casinha e um carro popular e deixou os ricos em paz para concentrarem mais riqueza e depois descontar tudo com incentivo cultural.

O somatório desses e de outros fatores permitem, por outro lado, a manutenção de governos incompetentes e completamente corruptos. Um bom objeto de estudo é a política do Rio Grande do Sul.

De que outra forma, poderia se explicar a aparente tranqüilidade com que uma governadora como Yeda Crusius (PRBS/PSDB) desfila em eventos públicos, apesar das vaias contidas à força pela ação da Brigada Militar?

ZeroLândia fez edições cirúrgicas para poder pautar o tema.
Nome de deputado em manchete é discretamente evitado.

Só um pré-estado de bem-estar social proporcionado pelo Governo Federal, pode explicar porque uma administração estadual com uma base parlamentar tão suja quanto ela própria, com inúmeros casos de corrupção brotando nas investigações da Polícia Federal, Ministério Público Federal e o Judiciário ainda se mantém intacta. Não é a oposição que está acusando, são as instituições da fiscalização e manutenção da lei.

Germano(PP) só aparece em pequenas e raras fotos. Com experiência no assunto, Padilha (PMDB) é põe a cara. Moreira (PMDB) tem a mesma foto editada e publicada duas vezes.

Além da governadora, que provavelmente pagou sua própria casa com dinheiro desviado dos cofres públicos antes mesmo de assumir, até figuras públicas com longa carreira na política, como os deputados federais José Otávio Germano (PP) e Eliseu Padilha (PMDB), o presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas (PDT), o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Alceu Moreira (PMDB), entre outros deputados da base governista, são motivos mais do que legítimos para um levante da sociedade gaúcha contra a corrupção. Mais do que personalidades, são instituições que aparecem manchadas pela ação mafiosa.

A direita sempre teve mais sorte que competência. Claro que o fato de concentrar maior poder econômico garante gentilezas desde a elite togada do Judiciário até os empresários da mídia.

Imaginar os mesmos casos acontecendo durante os 8 anos do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Difícil porque naquela época, raramente a Polícia Federal investigava políticos. Naquele cenário de desemprego, defasagem salarial e imaginário nacional prejudicado por um presidente adulador do canalhismo estadunidense. A tensão social era muito maior naquele período. O descontentamento e o abandono a que o país foi submetido em troca de um plano monetário minimamente executável. Por isso que situações vexatórias como as que temos visto os jornais locais tentarem esconder não aconteciam. Seriam estopim para uma revolta.

A moral de ZeroLândia é: nós mostramos!
Com cuidado, sem muita foto para o eleitor não associar depois e poder ser acusado de desmemoriado.

O brasileiro médio, com pouco escolaridade ou não, é criado para ser um amorfinado político. A televisão ensina e repete incessantemente que política é coisa de gente feia e má, que o melhor é baixar a cabeça e trabalhar. Como a televisão é um partido político disfarçado para garantir a manutenção do status quo onde ela se beneficia beneficiando quem pode garantir-lhe vantagens, para quê mesmo alguém vai se levantar?

Político é tudo igual mesmo. Se tem emprego e comida na mesa, o quê mais pode querer a população. Deixa que roubem, pois sempre roubaram, não verdade?

É o caminho fácil da classe média. Dê-lhes um carro, uma casa e faça o que quiser com eles.

edição das manchetes de ZeroLândia: Hassam Y Hassam
Fonte: Cel3uma

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