11.4.09

Duas notas sobre o MST e as escolas itinerantes

Sexta-feira, 10 de Abril de 2009

ZH mergulha de vez no gênero “panfleto político”


Criança desobediente é o fim do mundo!

Não é possível deixar passar batido o material anti-MST veiculado ontem pelo jornal Zero Hora. Aliás, este jornal – na atualidade – é certamente o mais conservador do País, porque além de estampar matérias de nítido conteúdo anticomunista, com estilo e linguagem em desuso, sustenta valores reacionários, promovendo ações políticas que legitimam um governo estadual desmoralizado e desgovernado como o de Yeda Rorato Crusius.

Pois, o jornal do grupo RBS (monopólio ilegal de uma rede de mídias no RS e SC) ontem resolveu estabelecer uma divisão valorativa no tema das escolas itinerantes do MST no Estado. De um lado estão os “ameaçadores agentes do mal” (o MST), de outro, estão os “vitimizados agentes do bem” (o MP/RS e a Secretaria Estadual da Educação).

O linguajar empregado pela editoria de ZH é próprio da velha tradição do “panfleto político” – hoje, já quase um gênero político-literário consagrado, tanto pela esquerda quanto pela direita, embora tenha tido origem nas lutas jacobinas, na anti-restauração, nos embates no âmbito da esquerda do século 19 e na vida orgânica dos partidos políticos populares do século 20. Não temos nada contra o gênero panfletário, ao contrário, este blog bebe diariamente nesta fonte fecunda. Mas, à ZH e seus amestrados jornalistas falta legitimidade para praticarem tais artes e ofícios. A mão é pesada e o resultado, grosseiro.

OK, ZH é um panfleto da direita guasca. Mas é um panfleto fake. A pilcha de panfletários cai mal em ZH. O chapéu é de caubói e as boleadeiras são de plástico.

Tem uma matéria – a propósito de “análise” – assinada por um certo Carlos Wagner (assim mesmo, sem sobrenome) onde o neopanfletário cobra continuidade à sanha regressista do condomínio MP/Secretaria Estadual de Educação, ao lembrar o seguinte:

“No meio da luta, ficou de lado uma questão importante: o debate do conteúdo do que é ensinado nas escolas itinerantes”.

Este é o ponto sensível para a direita guasca. Eles não admitem que as crianças que estudam nas escolas itinerantes do MST recusem as cartilhas enfeitiçadas do sistema produtor de mercadorias. Como pode o filho de um despossuído miserável ousar querer saber de conteúdos que não falem de obediência, submissão, disciplina para o trabalho assalariado, e servilismo à relação docilidade política/utilidade econômica? Onde vamos parar sabendo que crianças e jovens estão aprendendo conteúdos de cidadania autônoma e emancipação política?

De fato, é o fim do mundo. Deles, direita guasca.

De resto, sejam bem-vindos ao gênero panfletário - este debate muito nos interessa.

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Domingo, 8 de Março de 2009

RBS está indo longe demais


Produzindo “provas” contra o MST

O jornal Zero Hora produziu hoje mais uma daquelas matérias que serão arquivadas pela banda da direita do Ministério Público estadual. Num futuro próximo, vocês verão que algum promotor da banda da direita do MP/RS usará argumentos e cacoetes ideológicos estampados hoje em ZH. Mais: nas hipotéticas futuras ações diabolizantes do MST constará – como “prova documental” – a matéria de hoje de ZH.

A RBS, em definitivo, está indo longe demais.

Fonte: Diário Gauche

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