Realimentando o antipetismo guasca
A política tradicional consagrou – entre tantos outros – um mandamento na sua prática deletéria que afirma haver quatro ordenamentos no pensamento político:
1. O que se pensa e se diz;
2. o que se pensa, se diz, mas não se escreve;
3. o que se pensa, mas não se diz, nem escreve;
4. e finalmente aquilo que nem se pensa – ou por perigoso ou por disparatado.
Pois bem, o impensável está acontecendo no RS – por perigoso e por disparatado: a governadora Yeda Rorato Crusius está querendo se reeleger.
Para tanto, o grupo RBS – que tem a funcionalidade orgânica de um verdadeiro partido político (na lacuna dos simulacros partidários que conhecemos), cogitando, debatendo, fabricando versões favoráveis da realidade, sondando, e muitas vezes até arbitrando em favor dos interesses da direita guasca – através de seus principal jornal, Zero Hora, ontem, na edição dominical, lançou um balão de ensaio sobre a reeleição da governadora tucana.
Usando o modelo formal da metalinguagem, ZH apropria o imaginário da Guerra Fria para descrever uma possível reativação de conflitos a partir do caso Busatto-JJ. Só que ao usar a metáfora da Guerra Fria, o próprio jornal-partido está promovendo a Guerra Fria, ele mesmo. Para tanto, não se cansa em lembrar velhos pequenos mitos negativos usinados (pela própria RBS/ZH) para estigmatizar o PT e o governo estadual do petista Olívio Dutra (1999-2002), o incêndio do relógio dos 500 anos da Globo, Clube da Cidadania, Diógenes de Oliveira, invasão da Assembleia, CPI da Segurança Pública (cuja decisão de executá-la com ímpeto golpista foi realizada simbolicamente numa cachaçaria, em alusão a uma atribuída preferência do então governador Olívio), e até um pequeno boneco onde o governador petista é representado com o nariz alongado de Pinóquio. Zero Hora juntou todas essas alusões e referências negativas – construídas e divulgadas pelo próprio jornal – e fez uma memória do que chama de Guerra Fria do Rio Grande. Não falta nem uma bandeira vermelha da URSS em oposição à estelar bandeira estadunidense – imagens fortes que realimentam imaginários que o senso comum não gostaria de reviver.
Como bons intelectuais orgânicos da direita guasca que são, o grupo RBS está dando a largada para a corrida eleitoral de 2010. Trata de refrescar a memória do senso comum para o clima que deve ser evitado no próximo quadriênio administrativo no Estado. Ao mesmo tempo, quer mostrar um PT ressentido, isolado e distante do que está sendo o PT do lulismo na área federal.
A conclusão da matéria não é favorável à nova candidatura da governadora Yeda, e nem desfavorável. O objeto dos editores não foi construir uma positividade, mas uma negatividade. Visa realimentar o constructo do antipetismo de maneira a favorecer, numa segunda etapa da campanha, aí sim, um José Fogaça, um Germano Rigotto, um Pedro Simon e, no limite, até o impensável – uma Yeda Rorato Crusius.
Coisas da vida.
A política tradicional consagrou – entre tantos outros – um mandamento na sua prática deletéria que afirma haver quatro ordenamentos no pensamento político:
1. O que se pensa e se diz;
2. o que se pensa, se diz, mas não se escreve;
3. o que se pensa, mas não se diz, nem escreve;
4. e finalmente aquilo que nem se pensa – ou por perigoso ou por disparatado.
Pois bem, o impensável está acontecendo no RS – por perigoso e por disparatado: a governadora Yeda Rorato Crusius está querendo se reeleger.
Para tanto, o grupo RBS – que tem a funcionalidade orgânica de um verdadeiro partido político (na lacuna dos simulacros partidários que conhecemos), cogitando, debatendo, fabricando versões favoráveis da realidade, sondando, e muitas vezes até arbitrando em favor dos interesses da direita guasca – através de seus principal jornal, Zero Hora, ontem, na edição dominical, lançou um balão de ensaio sobre a reeleição da governadora tucana.
Usando o modelo formal da metalinguagem, ZH apropria o imaginário da Guerra Fria para descrever uma possível reativação de conflitos a partir do caso Busatto-JJ. Só que ao usar a metáfora da Guerra Fria, o próprio jornal-partido está promovendo a Guerra Fria, ele mesmo. Para tanto, não se cansa em lembrar velhos pequenos mitos negativos usinados (pela própria RBS/ZH) para estigmatizar o PT e o governo estadual do petista Olívio Dutra (1999-2002), o incêndio do relógio dos 500 anos da Globo, Clube da Cidadania, Diógenes de Oliveira, invasão da Assembleia, CPI da Segurança Pública (cuja decisão de executá-la com ímpeto golpista foi realizada simbolicamente numa cachaçaria, em alusão a uma atribuída preferência do então governador Olívio), e até um pequeno boneco onde o governador petista é representado com o nariz alongado de Pinóquio. Zero Hora juntou todas essas alusões e referências negativas – construídas e divulgadas pelo próprio jornal – e fez uma memória do que chama de Guerra Fria do Rio Grande. Não falta nem uma bandeira vermelha da URSS em oposição à estelar bandeira estadunidense – imagens fortes que realimentam imaginários que o senso comum não gostaria de reviver.
Como bons intelectuais orgânicos da direita guasca que são, o grupo RBS está dando a largada para a corrida eleitoral de 2010. Trata de refrescar a memória do senso comum para o clima que deve ser evitado no próximo quadriênio administrativo no Estado. Ao mesmo tempo, quer mostrar um PT ressentido, isolado e distante do que está sendo o PT do lulismo na área federal.
A conclusão da matéria não é favorável à nova candidatura da governadora Yeda, e nem desfavorável. O objeto dos editores não foi construir uma positividade, mas uma negatividade. Visa realimentar o constructo do antipetismo de maneira a favorecer, numa segunda etapa da campanha, aí sim, um José Fogaça, um Germano Rigotto, um Pedro Simon e, no limite, até o impensável – uma Yeda Rorato Crusius.
Coisas da vida.
Fonte: Diário Gauche
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